terça-feira, 28 de abril de 2009

ADMINISTRAÇÃO NA VISÃO DE PETER DRUCKER

Análise e resumo do Prof.Esp. Alcenisio Técio Leite de Sá

O que se ensina e o que se pratica em nome da administração está ficando totalmente desatualizado, pois poucas políticas se conservam atuais por 20 ou 30 anos e a maioria de nossos pressupostos relativos às empresas, à tecnologia e à organização data de pelo menos 50 anos.

Para a administração ? disciplina social ? as premissas são bem mais importantes do que são os paradigmas para uma ciência natural, pois o paradigma, não exerce impacto sobre o universo natural, mas uma disciplina social, como a administração, trata do comportamento de pessoas e instituições humanas.

O universo social é sujeito a mudanças contínuas ? significando que as premissas que eram válidas ontem podem tornar-se inválidas ou enganosas.
A disciplina da administração, hoje se encontra neste ponto e devemos analisar quais premissas que estão conduzindo-a ao caminho errado.

Até a década de 30, presumia-se que a administração não passava de subdivisão da administração geral. Não foi numa empresa que se deu a primeira aplicação consciente e sistemática dos princípios da administração, e sim, na reorganização do Exército dos Estados Unidos (1901).

Com a Grande Depressão teve início a identificação da administração com a administração de empresas, que gerou hostilidade com relação às empresas e desprezo por seus executivos.

Para não ser contaminada pela associação de sua imagem com a de empresas, a administração no setor público foi rebatizada de administração pública e proclamada uma disciplina distinta.

No período do pós-guerra (1950), empresas e negócios já haviam voltado a ser palavras bem-vistas, graças ao desempenho da administração de empresas americanas durante a 2ª Guerra Mundial.

Os setores que mais cresceram nos países desenvolvidos no século XX, não foram o das empresas, mas sim o governamental, o dos profissionais liberais, o da saúde e o da educação.

A estrutura organizacional das empresas foi estudada pela primeira vez na França, por volta da virada do século. Era a época em que as organizações empresariais em escala realmente grande estavam começando a aparecer, e seus administradores tiveram de desenvolver sua disciplina à medida que as empresas avançavam. Não havia textos a consultar, não havia consultores. De certo modo, eles aprenderam uns com os outros.

A Primeira Guerra Mundial deixou clara a necessidade de uma estrutura organizacional formal. A administração altamente centralizada que propalavam simplesmente não funcionavam numa escala, onde era preciso administrar dezenas de soldados e reorientar economias inteiras em torno da produção para a guerra.

Após a Primeira Guerra Mundial desenvolveu-se a descentralização, transformando-se no mantra da administração, o único caminho visto como correto.

Nos últimos anos, defende-se a equipe como organização correta para praticamente qualquer coisa. Não existe organização certa, existem organizações, cada uma das quais possui pontos fortes, distintas e aplicações específicas. É uma ferramenta para tornar as pessoas produtivas quando trabalham em conjunto.

Uma estrutura organizacional é adequada para determinadas tarefas em determinadas condições e determinadas épocas. Em qualquer empreendimento existe a necessidade de uma série de estruturas organizacionais diferentes que coexistam. Há princípios de organização que são universais. A organização deve ser transparente. As pessoas precisam conhecer e compreender a estrutura organizacional na qual vão trabalhar.

O executivo do futuro vai precisar de uma caixa de ferramenta repleta de estruturas organizacionais. Isso significa que ele terá de aprender a usar cada uma dessas ferramentas e entender qual delas funciona melhor para cada tarefa.

A premissa inicial correta hoje é que as tecnologias que provavelmente vão exercer o maior impacto sobre uma empresa e sua indústria são tecnologias externas a seu próprio campo. Diferentemente das tecnologias do séculos XIX e XX, as tecnologias de hoje não percorrem caminhos paralelos e distintos. Elas se cruzam a toda hora. Antes, as empresas competiam dentro de um mesmo setor. Hoje, são setores que competem com setores. A informação não é exclusiva de nenhuma indústria ou ramo específico. Ela tampouco tem uma só finalidade, e nenhuma finalidade requer apenas um tipo específico de informação. A administração terá de aprender que a compreensão do mercado começa pela compreensão de como os consumidores distribuem sua renda disponível.

Na disciplina da administração, estudamos que as fronteiras nacionais ainda definem o ambiente na qual as pessoas operam. Essa premissa é subjacente até mesmo para a multinacional tradicional. O que mudou no mundo real, mesmo que ainda não tenha mudado nas premissas com as quais operam as administrações, é o fato de essas fronteiras nacionais terem perdido sua relevância.

Para a administração, as novas realidades criam problemas que ainda não foram resolvidos. Cada vez mais, as empresas se organizam por áreas de trabalho, mais do que geograficamente. A nova realidade é que a administração já não se pauta por fronteiras nacionais. O âmbito da administração não pode mais ser definido politicamente.

A primeira tarefa da administração é definir quais resultados existentes no empreendimento a seus cuidados. É função específica da administração organizar os recursos da organização visando obter resultados fora dela.

O novo paradigma no qual se deve basear a administração, tanto enquanto disciplina como enquanto prática, é que a administração deve definir os resultados que espera alcançar e depois organizar os recursos da organização visando obter esses resultados. O centro da sociedade moderna é a instituição administrada. E a administração é a ferramenta específica, a função específica, o instrumento específico para tornar as instituições capazes de gerar resultados. A instituição não existe simplesmente dentro da sociedade e para reagir à sociedade. Ela existe para produzir resultados dentro da sociedade e para modificá-la.

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domingo, 26 de abril de 2009

CASES DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO

Prof.Esp. Alcenisio Técio Leite de Sá
CASE 1
Pedro Cassio, gestor de pessoas, reúne o seu pessoal em nível de chefia para preparar o anuncio de recrutamento para o cargo de recepcionista que deverá ser preenchido por um dos sexos dentro de 30 dias. Logo no início da reunião, Pedro coloca as linhas gerais para o recrutamento. São elas: para o sexo feminino as restrições são referentes a piercings visíveis, roupas extravagantes e maquiagem excessiva. Já para o sexo masculino as restrições são quanto aos cabelos longos, piercings e tatuagens visíveis e aparência de gay. O espanto dos demais presentes foi inevitável.

Por conta disso, José Nazareth reage fortemente dizendo que tais restrições eram puro preconceito contra pessoas e contra novas conquistas da sociedade. Ademais, parecer nada quer dizer e, no caso especifico, ele não via razão para as restrições porque em nada se relacionavam com os requisitos para o cargo. Pedro, irritado, diz que ele deveria entender que o cargo tem como objetivo maior o contato com o público e ele não queria afetar a boa imagem da empresa.

Nazareth retruca dizendo: “Pedro, na nossa clientela nós temos gente com piercing, cabelos longos, meninas maquiadas e pessoas tatuadas. Quanto à aparência gay eu nem me manifesto, por entender que é se ir longe demais nos preconceitos”. Nesta situação qual seria a sua atitude como gestor de pessoas?

C A S E 2

Imagine você procurando uma posição. Qual é o seu primeiro critério para a seleção das empresas da qual pretende fazer parte? É o salário, o horário de trabalho, as atribuições do cargo, a possibilidade de uma remuneração variável ou quem sabe, são os benefícios sociais? Da mesma forma que você escolhe um critério para a seleção da empresa que pretende fazer parte, as empresas também possuem critérios e procedimentos para a seleção das pessoas com quem pretendem trabalhar. Assim, vale contar um caso hipotético, mas que é muito comum em algumas empresas.

Com mais de quinhentos associados, um clube considerado muito bom, localizado entre o centro e a zona sul da cidade do Rio de Janeiro, sua diretoria passa por algumas mudanças e muitas decisões são tomadas sem apontar uma possível flexibilidade: “é assim que vai ser e ponto final”, diz um dos diretores (e bate com a mão direita espalmada em cima da mesa).

Uma das principais decisões consiste em realizar o mais rápido possível, um processo de recrutamento e seleção interno e externo que possa trazer oxigênio para o clube e, mais à frente, atualizar as habilidades e competências das pessoas recrutadas internamente e selecionadas.

Ou seja, havia competência. Regina apenas lembrou que o presidente não queria contratar esposa ou esposo de gente do clube. E ficou claro que nem irmão seria aceito. Assim, com os “pombinhos” namorando, Regina achava que mais cedo ou mais tarde alguém teria de sair do clube.

Paulo insistiu e disse que não via problema algum até aquele momento. E o surgimento de fatos novos iria exigir dele uma posição definitiva, mas por enquanto... nada a fazer.

Regina saiu da sala, inconformada e passou um, dois dias pensando no “nada a fazer” do Paulo. Até que numa quarta-feira Regina senta à mesa de Amélia e conversa vai, conversa vem, Regina não resiste e vem a pergunta: “você está tendo um caso com o Edgar (Ed)?”. Amélia ficou de todas as cores e respondeu rispidamente: “eu não estou tendo um caso com o Ed, eu estou namorando o Ed, por que?” Regina faz um discurso sobre as restrições do presidente, achando que iria ser ruim para os dois, ficarem de namorinho pelos cantos do clube. Amélia se levantou e saiu sem dizer nada, mas irritada.

Amélia procurou o gestor (estratégico) de pessoas e teve uma conversa muito difícil para ela. Paulo ouviu e ouviu e ouviu, mas nada disse. Agradeceu a presença de Amélia. Na manhã seguinte, Regina é chamada por Paulo. A conversa foi muito difícil. E uma decisão foi tomada.

Pois bem, neste estudo de caso gostaríamos que você (e os outros “vocês”, se assim decidir o docente da disciplina) se colocasse na posição do gestor (estratégico) de pessoas e tentasse descobrir o que aconteceu após a conversa que teve com Regina.
Evidentemente, gostaríamos que a classe fosse envolvida em sua apreciação. Qual seria a melhor decisão a tomar, como proceder? Deveria o gestor conversar com Amélia e Edgar? Mas afinal, o quê conversar, neste caso quais seriam seus critérios para o questionamento? E mais, pense você em todo o caso, desde o primeiro momento, quando o presidente resolveu contratar mais pessoas para o clube.

Seria muito interessante se as personagens: o presidente, Amélia Leali, Edgar Pereira, Regina e Paulo Vazi fossem representadas, para juntas chegar a um final, qualquer que fosse esse final. Você poderá utilizar-se de toda a sua experiência acadêmica e pessoal, porque com certeza já ouviu ou já vivenciou muitas histórias parecidas.

Nota: este caso é hipotético, qualquer semelhança com pessoas, empresas, etc. será mera coincidência.

Questão para debate
Ao longo deste case trabalhou-se a idéia de que recrutar é sinônimo não de apenas atrair pessoas, mas sim de suprir as necessidades organizacionais, você concorda com esta visão? Sim, não e por que?

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domingo, 19 de abril de 2009

Avaliação de Desempenho

Prof. Esp. Alcenisio Técio Leite de Sá
1. Conceitos
Avaliação: s. f., ato de avaliar; valor determinado pelos avaliadores; estimativa.
Desempenho: s. m., ato ou efeito de desempenhar (executar).

Avaliar o desempenho de um sistema é opinar sobre suas características. Avaliar é elaborar um juízo de valor, qualitativo ou quantitativo, sobre uma ação, um processo, um sistema ou qualquer coisa. Dado um sistema real, uma avaliação deste sistema pode ser caracterizada por toda e qualquer observação sobre ele expressada. Podemos classificar as avaliações em dois tipos:
1.Avaliação qualitativa, neste tipo de abordagem existe a necessidade de uma comparação com o senso-comum, ou ainda uma comparação com um referencial de base;
2.Avaliação quantitativa baseia-se na formulação de valores específicos, sem expressar considerações dos méritos dos valores obtidos.
2. Objetivos da avaliação de sistemas
A avaliação tem por fim o estabelecimento de um julgamento qualitativo sobre o sistema avaliado. Porém, toda a avaliação científica é feita sobre resultados quantitativos. Estes resultados devem ser objetivamente apresentados ao usuário final, de forma que esse possa tomar decisões sobre o seu sistema.
A aplicação prática da avaliação de desempenho é o conhecimento da situação (estado) do sistema avaliado. Tanto situações anteriores como situações atuais podem ser avaliadas para tornar possível a observação da evolução do sistema. A observação do comportamento do sistema ajuda a entender o seu funcionamento, podem ser ainda avaliadas situações futuras, com a finalidade de previsão e planejamento.
É recomendável um estudo da confiabilidade do método a ser aplicado; é freqüente realizar-se a comparação de resultados de diversas técnicas diferentes.
Exemplo:
Dois grupos diferentes realizam a avaliação de um programa de computador e o aspecto escolhido é a modularidade do sistema, o resultado da avaliação de cada grupo foram:

a) O programa contem 2 módulos (avaliação quantitativa). Isso expressa somente uma característica do sistema avaliado, sem emitir opinião sobre o fato.
b) O programa não é modular, pois contém poucos módulos (avaliação qualitativa). A afirmação parte do princípio que o número de módulos existente é pequeno, mas para chegar a essa conclusão é necessária uma comparação com uma referencial base (por exemplo, supondo que o número mínimo aceitável de módulos seja 5). No presente caso foi emitido uma opinião sobre o sistema avaliado.

- A avaliação quantitativa é objetiva.
- A avaliação qualitativa é subjetiva.

Ex.:Folha de pagamento 15 min.
Consulta bancária 3 min.
Qual sistema é mais rápido?
Qual é o melhor sob o ponto de vista “tempo”?

3. Interpretação dos resultados da avaliação
Tão importante quanto avaliar é a interpretação dos resultados obtidos. Os resultados são eminentemente quantitativos enquanto que o objetivo da avaliação tem caráter quantitativo.
Em geral, bem mais importante do que o valor absoluto de um parâmetro é o seu comportamento de acordo com as variações do sistema, ou seja, a sua variação segundo alterações no modelo (ou a sensibilidade aos dados de entrada, por exemplo).

4. Métodos de avaliação de desempenho
Basicamente existem 2 tipos de métodos de avaliação de desempenho: os métodos elementares e os métodos indiretos.
Métodos elementares - avaliam diretamente a realidade através de instrumentos físicos, por exemplo, com maior ou menor grau de refinamento.
Principal desvantagem: não podem ser aplicados em previsões, pois necessitam da realidade, ou pelo menos um protótipo para avaliar. Além disso, às vezes a medição direta da realidade, apesar de ser a maneira mais simples de avaliar, pode ser muito complicada ou mesmo impossível.
Ex.: medir a temperatura no interior de um reator nuclear, medir a velocidade dos ventos num tornado, medir a resistência ao impacto em ossos de seres humanos vivos.
Métodos indiretos: avaliam uma descrição da realidade, um modelo. O método de avaliação é aplicado sobre o modelo e todos os resultados obtidos serão função deste modelo.
Principal desvantagem: a falta de precisão que está ligada a construção do modelo, pois a qualidade destes métodos depende da qualidade do modelo desenvolvido e da qualidade da medição.
Um modelo não representa completamente a realidade. O “gap” semântico sempre permanece (distância entre o significado real e o significado da representação do real).
O processo de modelagem baseia-se na abstração. Esta se dá em duas etapas: primeiro são identificadas as características mais importantes (para aquele que modela) da realidade em questão e em seguida (segunda etapa) é feito o mapeamento desta realidade para o modelo que irá ser avaliado.

Podemos dividir os métodos indiretos em:
• Simulação
• Métodos analíticos
Simulação: são semelhantes aos métodos elementares, pois a avaliação baseia-se na observação do funcionamento do modelo. A grande vantagem da simulação é em nível de facilidade na medição, por exemplo, embora o modelo não considere a totalidade dos aspectos da realidade. Este método indireto possui normalmente um baixo nível de abstração.
Métodos analíticos: a partir de um modelo definido segundo hipóteses de funcionamento, um conjunto de equações é obtido. Tais equações são a expressão matemática do modelo. Os métodos analíticos possuem o mais alto nível de abstração. Sua principal desvantagem deve-se ao fato de que geralmente suas hipóteses de funcionamento costumam ser restritivas demais e a elaboração do modelo tende a ser mais complexa do que em relação ao método anterior (simulação).
Cada método possui suas características próprias. Evidentemente para cada caso real a analisar, os diversos métodos serão mais ou menos adequados. É possível estabelecer uma comparação genérica entre os métodos:

Método Objetivo avaliado Nível de abstração Velocidade de avaliação Fator de dependência Precisão dos resultados
Elementar Realidade Nenhum Real Tempo de observação Real
Simulação Modelo funcional Baixo Baixa Tempo de simulação Alta
Analítico Modelo comportamental Alto Alta Complexidade algorítmica Exata

GLOSSÁRIO

Objetivo:adj., relativo a objeto; que se fundamenta na experiência; que trata apenas do objeto, da questão em si, sem misturar idéias ou sentimentos pessoais.

Subjetivo: (do Lat. subjectivu) adj., relativo ao sujeito; existente no sujeito; que se passa na consciência; que é próprio de um ou de vários sujeitos e que não é válido para todos.

Abstração: (do Lat. abstractione) ação de abstrair; separação mental de uma das partes de um todo; hipótese.

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quinta-feira, 16 de abril de 2009

SUCESSO NA ENTREVISTA PARA EMPREGO

Prof. Alcenisio Técio Leite de Sá
Para quem procura emprego, a hora da entrevista é sempre um momento de apreensão. Aquele frio na barriga, um nervosismo meio difícil de controlar. Afinal, a conversa pode ser decisiva para conseguir a vaga.

Depois de dois meses no novo emprego, Bruno já pegou o jeito, não tem mais medo de derrubar a bandeja e adora o contato com os clientes. Ele teve que vencer a timidez quando foi entrevistado durante a seleção. “Sendo simpático, sorrindo um pouco, não ficar retraído”, conta Bruno Sá, atendente.

No caso do supervisor Diego Augusto, o nervosismo quase atrapalhou. Só que ele percebeu que se ficasse tenso, não conseguiria ter um bom desempenho. Respirou fundo, se acalmou e tudo deu certo.

“Teve uma prova dinâmica, a gente teve que simular um atendimento, eu tentei me movimentar o máximo, mais que os outros, tentei mais chamar atenção com expressão corporal, o máximo possível”, revela.

Com 70 anos, keila, recepcionista de restaurante, parecia ter poucas chances de conseguir um emprego. Ela tentou uma vaga no programa para a terceira idade da empresa e foi contratada como recepcionista. Ela dá as boas vindas aos clientes e vai com eles até a mesa. Para uma função como essa, na entrevista ela apostou na simpatia. “Eu acho que as pessoas gostam de quem está com ar de que está feliz, porque você não vai contratar pessoas que estejam pra baixo”, acredita.

Keila tem razão. Foi esse brilho no olhar que fez a diferença na contratação dela, na de Bruno Sá e na de Diego Augusto.

“Vontade de se integrar no time, fazer parte do contexto, independente de qualquer outra coisa”, garante Leandro Sousa, gerente de rede de restaurantes.

A primeira impressão que o entrevistador tem de você com certeza influencia na hora de definir se a vaga é sua ou não. Então cuidado, você deve sim mostrar entusiasmo, simpatia, disposição.

Mas não se esqueça que uma entrevista é sempre uma situação formal. Por isso, na busca por um trabalho, quem segue algumas regrinhas simples de etiqueta, se destaca dos outros candidatos.

Veja algumas dicas para a entrevista de emprego
- Falar com espontaneidade, tudo bem. Gírias e palavrões estão fora de cogitação.
- Pode ser sincero, mas não vale falar mal do ex-chefe ou de outros empregos.
- Para o visual, prefira uma roupa um pouco mais séria. Não tem que usar sempre terno e gravata, mas nada de exageros para mostrar que é moderninho.
- “Você não pode vir decotada, nem com muita maquiagem e nem de qualquer jeito”, acredita Yasmin Machado, auxiliar de produção.

“Perguntar logo de cara quanto eu vou ganhar, não se faz isso, se colocar sempre à disposição para outras entrevistas. Jamais chegar atrasado, falar ao celular. É todo um ritual”, afirma Nonato Campos, especialista em recursos humanos.

Leonardo não tinha muita experiência com entrevistas quando foi chamado pra participar da seleção em uma empresa que fabrica brindes. Há um ano começou como auxiliar de produção e hoje é o encarregado, coordena o trabalho de 23 pessoas. “Tinha vontade de aprender cada vez mais e foi o que aconteceu aqui dentro”.

Dennis Paulo, vendedor, também procurou a empresa para se candidatar a uma vaga de ajudante de produção. Só que durante entrevista, o dono da fábrica logo percebeu que Dennis tinha perfil para vendas.

“Eu nunca tinha trabalhado com vendas, mas quando eu comecei a trabalhar, durante três meses eu bati a meta da empresa”, revela.

O dono da empresa diz que existe uma diferença entre os que buscam um emprego e quem quer uma oportunidade. Em poucos minutos de conversa garante que dá para perceber isso.

“As pessoas que estão interessadas em emprego não querem saber da oportunidade, são aqueles que querem saber os dias de folga, se trabalha aos sábados, que na entrevista já vem logo de cara querendo saber a parte de salários também, então esse é um perfil que não agrada muito a nós na empresa. Em compensação a parte do pessoal que busca oportunidade são aqueles que vêm mais determinados, a gente percebe um certo brilho no olhar, as pessoas vêm muito motivadas. É o perfil que a gente busca”, garante Cristine Menegatti, microempresária.

“Entrevista não é uma ameaça, entrevista é uma oportunidade de você contar tudo o que você já fez, como você já fez e os resultados que você já conseguiu”, diz Yasmin.
“Procurar falar as palavras certas e acreditar na vontade e acreditar”, acredita Dennis.
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quarta-feira, 15 de abril de 2009

PARÁBOLAS DE GESTÃO EMPRESARIAL

PROF.ESP.ALCENISIO TÉCIO LEITE DE SÁ
Um rapaz vai a uma farmácia e diz :Tem preservativo? Minha namorada me convidou para jantar esta noite na casa dela. O farmacêutico dá-lhe o preservativo e o jovem sai. De mediato, volta, dizendo: Senhor, dê-me outro. A irmã da minha namorada é uma gostosona, vive cruzando as pernas na minha frente. Acho que também quer me dar... O homem dá o preservativo ao jovem . Ele volta, dizendo: Quero outro. A mãe da minha namorada também é boa pra caramba. A velha vive se insinuando, deve ser mal comida, e como eu hoje vou jantar lá na casa delas... Chega a hora da comida e o rapaz está sentado à mesa com a namorada ao lado, a mãe e a irmã à frente. Neste instante entra o pai da namorada . O rapaz baixa imediatamente a cabeça, une as mãos e começa a rezar: Senhor, abençoa estes alimentos, blá,blá.. Damos graças por estes alimentos...Passa-se um minuto e o rapaz continua de cabeça baixa rezando: Obrigado Senhor...blá,bla... Passam-se cinco minutos : Abençoa Senhor este pão. Todos se entreolham surpreendidos, e a namorada lhe diz ao ouvido: Meu amor, não sabia que eras tão religioso... E eu não sabia que o teu pai era farmaceutico.

Conclusão: Não comente os planos estratégicos da empresa com desconhecidos, porque essa inconfidência pode destruir a sua própria

PARÁBOLAS DE GESTÃO EMPRESARIAL
Um homem está entrando no chuveiro enquanto sua mulher acaba de sair e está se enxugando. A campainha da porta toca. Depois de alguns segundos de discussão para ver quem iria atender a porta a mulher desiste, se enrola na toalha e desce as escadas. Quando ela abre a porta, vê o vizinho Nestor em pé na soleira. Antes que ela possa dizer qualquer coisa, Nestor diz: Eu lhe dou 3.000 reais se você deixar cair esta toalha! Depois de pensar por alguns segundos, a mulher deixa a toalha cair e fica nua. Nestor então entrega a ela os 3.000 reais prometidos e vai embora. Confusa, mas excitada com sua sorte, a mulher se enrola de novo na toalha e volta para o quarto. Quando ela entra no quarto, o marido grita do chuveiro: Quem era? Era o Nestor, o vizinho da casa ao lado, diz Ótimo! Ele lhe deu os 3.000 reais que ele estava me devendo?

Conclusão:
Se você compartilha informações a tempo, pode prevenir exposições desnecessárias

PARÁBOLAS DE GESTÃO EMPRESARIAL
Um padre está dirigindo por uma estrada quando vê uma freira em pé, no acostamento. Ele para e oferece carona. A freira aceita. Ela entra no carro, cruza as pernas revelando suas lindas pernas. O padre se descontrola e quase bate com o carro. Depois de conseguir controlar o carro e evitar o acidente, ele não resiste e coloca a mão na perna da freira. A freira olha para ele e diz: Padre, lembre-se do Salmo 129! O padre, sem graça, se desculpa: Desculpe Irmã, a carne é fraca... E tira a mão da perna da freira. Mais uma vez a freira diz: Padre, lembre-se do Salmo 129! Chegando ao seu destino a freira agradece e, com um sorriso enigmático, desce do carro e entra no convento. Assim que chega à igreja o padre corre para as Escrituras para ler o Salmo 129, que diz:
"Vá em frente, persista, mais acima encontrarás a glória do paraíso".
Conclusão:Se você não está bem informado sobre o seu trabalho, pode perder excelenteses oportunidades.

PARÁBOLAS DE GESTÃO EMPRESARIAL
Dois funcionários e o gerente de uma empresa saem para almoçar e na rua encontram uma antiga lâmpada a óleo. Eles esfregam a lâmpada e de dentro dela sai um Gênio. O Gênio diz: Eu só posso conceder três desejos, então, concederei um a cada um de vocês! Eu primeiro, eu primeiro." grita um dos funcionários... Eu quero estar nas Bahamas dirigindo um barco, sem ter nenhuma preocupação na vida " .. Pufff e ele foi ... O outro funcionário se apressa a fazer o seu pedido: Eu quero estar no Havaí, com o amor da minha vida e um provimento interminável de pina coladas! Puff e ele se foi ...
Agora você - diz o gênio para o gerente.
Eu quero aqueles dois palhaços de volta ao escritório logo depois do almoço para uma reunião!
Conclusão: Deixe sempre o seu chefe falar primeiro.

PARÁBOLAS DE GESTÃO EMPRESARIAL
Na África, todas as manhãs, o veadinho acorda sabendo que deverá conseguir correr mais do que o leão, se quiser se manter vivo.
Todas as manhãs o leão acorda sabendo que deverá correr mais do que o veadinho, se não quiser morrer de fome.

Conclusão:Não faz diferença se você é veadinho ou leão, quando o sol nascer, você tem que começar a correr.

PARÁBOLAS DE GESTÃO EMPRESARIAL
Um corvo está sentado numa árvore o dia inteiro sem fazer nada.
Um pequeno coelho vê o corvo e pergunta:
- "Eu posso sentar como você e não fazer nada o dia inteiro?"
O corvo responde, sorrindo:
- "Claro, porque não?"
O coelho senta no chão embaixo da árvore, e relaxa.
De repente uma raposa aparece e come o coelho.

Conclusão: Para ficar sentado sem fazer nada, você deve estar no topo

PARÁBOLAS DE GESTÃO EMPRESARIAL
Um fazendeiro resolve colher algumas frutas em sua propriedade, pega um balde vazio e segue rumo às árvores frutíferas. No caminho ao passar por uma lagoa, ouve vozes femininas que provavelmente invadiram suas terras.
Ao se aproximar lentamente, observa várias belas garotas nuas se banhando na lagoa, quando elas percebem a sua presença, nadam até a parte mais profunda da lagoa e gritam:
- Nós não vamos sair daqui enquanto você não deixar de nos espiar e for embora.
O fazendeiro responde:- Eu não vim aqui para espiar vocês, eu só vim alimentar os jacarés!

Conclusão:A criatividade é o que faz a diferença na hora de atingirmos nossos objetivos mais rapidamente.

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terça-feira, 14 de abril de 2009

GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS

Prof. Alcenisio Técio Leite de Sá
As empresas e demais organizações tem buscado se aperfeiçoar em termos de gestão ao longo dos seus dois séculos de existência. Vários progressos foram obtidos nesse período, mas o esforço de aperfeiçoar os mecanismos de gestão das organizações deve continuar, pois as circunstâncias e condições de funcionamento delas estão mudando constantemente. A velocidade com que as mudanças estão ocorrendo exige que as organizações acelerem a busca por melhores meios de gestão.

O aperfeiçoamento da maneira de gerir a organização é uma exigência dos tempos modernos, quando os recursos são cada vez mais escassos, o tempo de resposta é vital e a qualidade do serviço prestado é um pré-requisito da sobrevivência. A demanda é cada vez mais exigente e educada e os oponentes são criativos e competentes. Faz-se necessária uma nova postura perante os desafios de gerir o funcionamento das organizações.

Acreditamos que boas práticas de gestão ajudam a organização a obter resultados superiores. Organizações públicas ou privadas, todas precisam apresentar resultados compatíveis com os recursos a elas destinados, com os esforços dos seus membros e com as expectativas dos seus clientes. A pena para quem não consegue esses resultados é a perda de relevância para o cliente, que vai ganhar as feições da perda de mercado para algumas organizações ou a perda de espaço, no caso de outras.

Durante muito tempo, talvez décadas, o trabalho repetitivo e burocrático era administrado “no automático”, com todos procurando fazer o que era possível no tempo disponível durante a jornada de trabalho. O trabalho era realizado sempre da mesma maneira padronizada, dentro da disponibilidade de recursos de todo tipo. Esta forma de realizar o trabalho era uma prática corrente e subordinava o atendimento da demanda ao orçamento, sem que houvesse a preocupação de otimizar o emprego de recursos ou de obter o melhor resultado possível. Ela se enraizou nas grandes organizações e até hoje é muito freqüentemente encontrada nas repartições governamentais.

No entanto, não faz mais sentido trabalhar todo dia fazendo mais um pouco do que fizemos ontem e anteontem e na semana passada, só porque é o que temos feito todos esses anos. Não faz mais sentido fazer amanhã o que não deu para fazer hoje, depois de termos feito hoje o que não deu para terminar ontem. O papel dos gestores é verificar se as tarefas devem ser feitas, acompanhar os resultados obtidos e o impacto deles e rever as diretrizes de trabalho para ajustá-las às necessidades do cliente.

Como diz uma historinha famosa do pessoal da qualidade, a habilidade do timoneiro a gente conhece quando as águas do rio baixam, fazendo com que o fundo do barco se aproxime das pedras do fundo do rio, que passam a ser obstáculos a serem contornados. Algumas pedras chegam mesmo a aparecer na superfície das águas. Como a historinha comenta, quando as águas são profundas, o barco não precisa ficar se desviando, manobrando, para prosseguir sua viagem com segurança.

O desafio mais agudo está na gestão das atividades rotineiras, pois é mais difícil identificar os objetivos a serem alcançados. Nessas circunstâncias, quando alguma verificação é feita, o mais freqüente é a comparação do output obtido num certo período de tempo com o resultado de um outro período, utilizado como referência. Esta verificação é interessante, mas é apenas um dos aspectos. Será que o serviço ainda deve ser feito ou é apenas uma tradição que vem sendo mantida sem muita explicação ? Será que, da maneira como o serviço é executado e oferecido, ainda resolve ? Será que a forma de execução do serviço ainda é a mais adequada ? Até mesmo a seqüência destas perguntas é importante, pois não adianta melhorar a forma de execução de um serviço que não faz mais sentido oferecer aos clientes, por exemplo. No caso da historinha, equivale a realizar uma viagem desnecessária, independentemente na profundidade do rio.

Assim sendo, é muito comum que não acompanhemos o desempenho de processos permanentes, de uso prolongado. Uma vez que as necessidades a serem atendidas mudem, os processos associados a elas deveriam mudar, mas não mudam e, via de regra, quem percebe que o resultado não é mais adequado é o cliente e não quem gerencia o processo.

No caso específico das Forças Armadas, o desafio se complica pelo modo dual de operação que é típico delas: os procedimentos e critérios empregados no tempo de paz para garantir o funcionamento seguro e adequado devem ser rapidamente convertidos em mecanismos operacionais adequados para os períodos de mobilização. Os mecanismos de gestão devem ser adequados às duas situações ou poderem ser convertidos muito rapidamente. A contínua verificação dos processos de trabalho e dos indicadores empregados para avaliação dos resultados pode garantir o estado de prontidão indispensável. A otimização da gestão nas Forças Armadas é uma necessidade premente.

Outro aspecto importante dessa dualidade aparece no binômio “preparo – emprego”, que propicia o convívio do aspecto da administração (caracteristicamente funcional, hierárquica, burocrática, lenta) com o aspecto da operação (tipicamente multidisciplinar, horizontal, integrada).

Temos empregado a palavra Gestão para designar a administração que é feita de forma ativa e orientada pela busca intencional de resultado superior. Corresponde a uma nova postura dos administradores, que vai muito além do funcionamento da empresa, refletindo uma preocupação com o desempenho da organização. Ela procura abandonar a postura reativa e “automática” da administração tradicional, através uma nova postura simbolizada pelas preocupações típicas, como mostra o quadro abaixo. Através de exemplos simples, é possível perceber que o novo modelo se volta para questões mais básicas e essenciais e para o atendimento do cliente. Existe uma predisposição para a verificação da validade dos objetivos e para a revisão geral dos processos de trabalho.


Situação Preocupações típicas da Maneira convencional de administrar Preocupações típicas da Maneira moderna de administrar
Emissão de cédulas de identidade As taxas foram pagas ?
Os cheques de segurança foram realizados ? O tempo de espera é razoável?
O prazo de entrega é aceitável ?

Preparação do relatório anual do Exército Todas as unidades responderam ?
A consolidação dos dados está correta ? A freqüência deste relatório é adequada ?
O relatório deve ser emitido ?
Tramitação de expedientes e autos Como fazer a triagem de maneira mais simples e direta ?
Como levar os documentos aos locais mais distantes ? A duração geral da tramitação é aceitável ?
Como substituir por documentos eletrônicos ?
Encaminhamento de mensagens informais e ordens formais A assinatura é autorizada ?
Como receber a confirmação do recebimento ? As pessoas recebem as mensagens a tempo de agir ?
Os procedimentos de ação estão claros ?


A gestão moderna é caracterizada pela adoção de processos que são desenvolvidos e implementados com os olhos nas expectativas e prioridades dos clientes, além da preocupação com os resultados para os acionistas. Sabemos que as empresas privadas precisam ser escolhidas pelos clientes como fornecedoras para que sejam rentáveis. No setor público, as organizações precisam ser relevantes, mais do que indispensáveis, para que sobrevivam. Existem muitos exemplos de organizações públicas que foram substituídas por outras mais adequadas à concepção mais moderna de suas finalidades.

Esta nova abordagem coloca o seu foco nos resultados da forma mais abrangente possível: não interessa apenas executar um conjunto de atividades simplesmente porque há demanda ou realizar rotinas porque elas existem há tempos. É fundamental empregar os processos de trabalho mais adequados para atender a demanda e suspender a execução das rotinas que não se justificam mais. A revisão dos esquemas operacionais é necessária para garantir que as definições estratégicas sejam para valer.

Podemos citar o caso do relatório anual do Exército, que era emitido anualmente já fazia décadas e que obrigava a todas as unidades a dedicarem uma imensa quantidade de horas e pessoas na coleta, organização e formatação de dados. A seguir, esses dados eram remetidos para as unidades superiores e consolidados sucessivamente até o nível mais alto em Brasília. Um momento de inspirada preocupação com o real utilidade desse relatório levou ao teste da sua efetiva utilização na gestão da Instituição. Foi quando se percebeu que a avaliação do Força podia e já vinha sendo feita por outros meios. A partir daí foi suspensa a preparação anual do relatório e interrompida uma tradição, com a conseqüente liberação de recursos e tempo das pessoas, sem perda de qualidade na gestão do Exército.

A gestão moderna faz pleno uso dos Indicadores de desempenho, que são medidas das variáveis essenciais que permitem o acompanhamento do “durante” e não apenas do “depois”. Muitas das medidas utilizadas durante décadas, especialmente as financeiras, se referem às decisões já tomadas e ao trabalho realizado no passado. Precisamos de indicadores que possam sugerir que devemos ajustar a nossa forma de atuação antes do resultado ser irreversível. Precisamos também de métricas mais focalizadas, que permitam identificar onde na organização o ajuste deve ser feito. Medidas como “rentabilidade sobre o investimento” e “faturamento do período” não ajudam muito a identificar o ponto de aplicação do ajuste que venha a ser necessário.

Os processos possuem indicadores de desempenho que medem fatores como qualidade, custo e tempo de entrega entre outros. Vamos tomar como exemplo o tempo de ciclo (Tc) do processo de entrega de determinado material, a partir de uma requisição. Geralmente muitas etapas são realizadas de ponta a ponta nesse processo, desde a requisição até a entrega do material ao solicitante. O empenho e a responsabilidade na execução de cada uma destas etapas determinam o tempo de execução de cada uma e conseqüentemente o tempo de ciclo total do processo. Nestas condições, o tempo de ciclo é uma mera conseqüência do funcionamento do processo.

Nas situações reais, porém, o tempo de ciclo é um objetivo a ser atingido e não uma simples conseqüência, pois na maioria das situações reais não se pode esperar pela execução das etapas do processo. Nestes casos, o tempo de ciclo esperado (objetivo do desempenho) exige que o processo seja executado com outro padrão de desempenho, o que possivelmente levará à necessidade de diminuir o tempo de execução das atividades ou até mesmo a modificação ou eliminação de algumas delas. Esta revisão e a decisão de modificar ou eliminar etapas não podem ser tomadas pelos responsáveis pela execução delas, sob pena de se perder a visão do todo.

Os indicadores de desempenho da logística militar moderna (além do Tc) são: tempo de disponibilidade (uptime), tempo de recuperação (recovery time), presença (foot print), nível de atendimento (fullfilment) (quantidade, qualidade, tempo, local, custo) e custo geral (aquisição, deslocamento, armazenagem, degradação).

Por outro lado, não é suficiente termos metas a atingir e bons indicadores de desempenho se não formos capazes de avaliar se essas metas estão sendo cumpridas e se medidas de ajuste são necessárias. Aqui entra o conhecido modelo do ciclo do PDCA, que precisa ser utilizado plenamente. As organizações que só cumprem a primeira parte do ciclo (só o P e o D ) não conseguem garantir os resultados superiores permanentes, pois não existe a mensuração do resultado. A atuação (A) sobre o processo é condição para executar os ajustes necessários. O controle (C) só faz sentido quando utiliza o planejado (P) como referência. A execução do ciclo completo é também condição para o aprendizado com os erros e desvios observados na operação.

A realidade atual (e que pode ser projetada para muitos anos à frente) é a de carência de recursos de um lado e de fortes exigências por parte da clientela por outro lado. Eqüivale à situação em que as águas do rio baixam e a habilidade do timoneiro é o que salva a tripulação. As nossas organizações, empresas privadas ou órgãos governamentais, precisam se manter adequadamente estruturadas, organizadas e administradas para enfrentarem seus desafios.
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segunda-feira, 13 de abril de 2009

GESTÃO DE INCUBADORAS DE EMPRESAS

Prof. Esp. Alcenisio Técio Leite de Sá
1 Introdução
O empreendedorismo é por muitas vezes relacionado a políticas de combate ao desemprego, principalmente em virtude das atuais lacunas apresentadas no mercado de trabalho, com menor número de vagas e maior grau de especialização exigido. No entanto, essa relação, apesar de ser conseqüente, não é causal. A importância que tem hoje a disseminação do empreendedorismo e as ações para aumentar a capacidade empreendedora de cada região, deve-se ao fato de que o desenvolvimento sócio-econômico não se restringe apenas às oportunidades de emprego; mas, principalmente à capacidade de identificação de oportunidades e de geração de novos conhecimentos para transformação em bens sociais.

As pesquisas desenvolvidas na área de Empreendedorismo mostram que a cultura empreendedora precisa ser disseminada no Brasil, para que cada cidadão possa ter uma postura mais pró-ativa, ousada, transformando seu conhecimento em algo concreto que beneficia a si e à sociedade; bem como, precisa ser disseminada para que seu as empresas possam ser mais duradouras, tenham crescimento e com isso ocorra o desenvolvimento econômico e social.
Uma confirmação dessa necessidade está nos dados do Sebrae/Na (2005), os quais mostram que a taxa de mortalidade das microempresas e empresas de pequeno porte chega a: 49,4% para as empresas com até 2 anos de existência; 56,4% para as empresas com até 3 anos de existência e 59,9% para as empresas com até 4 anos de existência.

Quanto menor a empresa, menores as chances de sucesso, devido ao difícil acesso a tecnologias para inovação em produtos e processos de produção, falta de conhecimento gerencial, exigências para concessão de crédito e financiamentos e, também, aos entraves burocráticos que incluem legislação e tributação.

As incubadoras de empresas contribuem justamente para minimização dessas dificuldades e maximização dos recursos de que as empresas incubadas dispõem. São estruturas compostas, na maioria das vezes, por espaço físico que hospeda temporariamente projetos de criação de empresas ou empresas já constituídas. Oferecem recursos e serviços como: módulos ou salas individuais para instalação de escritório; espaço compartilhado composto de sala de reuniões, sala de consultorias, secretaria e suporte administrativo e de informática; viabilização de uso de laboratórios e bibliotecas da instituição de ensino ou pesquisa à qual está vinculada; capacitação, participação em eventos, treinamentos, consultorias na área técnica, gerencial e no registro de propriedade industrial.
O movimento de incubadoras de empresas está se espalhando rapidamente pelo Brasil. No Maranhão as incubadoras têm um esforço conjunto em prol do desenvolvimento regional, firmado pelo Sebrae-MA, que tem buscado entre outras ações, discutir e proporcionar às incubadoras mecanismos gerenciais eficientes para obtenção de resultados.

Para a gestão de uma incubadora vários mecanismos e fatores são decisivos para o sucesso e, em grande parte, o sucesso da incubadora é definido pelo sucesso das empresas incubadas; tendo em vista que quando uma empresa torna-se um empreendimento bem-sucedido, na maioria das vezes, é porque o processo de acompanhamento e desenvolvimento das empresas foi eficaz.

Neste artigo, procura-se enfocar essa interessante tarefa de gerenciar o desenvolvimento de empreendimentos incubados e, no caso de incubadoras voltadas para tecnologia, a importante tarefa de contribuir para a criação ou expansão de empresas de base tecnológica geradoras de produtos, serviços e empregos, e, conseqüentemente, contribuir para o desenvolvimento econômico e social do país.

Com esse objetivo, quatro desses mecanismos e fatores serão destacados neste artigo: consciência do papel a ser desempenhado pela incubadora e pelas entidades mantenedora e gestora; existência de parcerias estratégicas; cultura empreendedora dos envolvidos no processo e um sistema de gestão baseado em princípios mensuráveis.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Fatores geradores de sucesso na gestão das incubadoras
Consciência do papel a ser desempenhado pela incubadora e pelas entidades mantenedora e gestora
As incubadoras de empresas em sua grande maioria estão vinculadas a uma instituição mantenedora como universidade, instituto de pesquisa, ou ainda outro órgão público como prefeitura, os quais são também a entidade gestora. Em outros casos, pode ser mantida por uma entidade e gerida por outra, como é o caso de incubadoras mantidas por universidades e geridas por fundações.
O vínculo existente entre incubadora, mantenedora e gestora gera a necessidade de convergência nas ações e interesses dos envolvidos, tendo em vista que a incubadora é abrangida por uma estrutura hierárquica, onde as decisões desdobram-se verticalmente, definindo os limites de autonomia de cada setor, entre eles, a incubadora.
Uma incubadora de empresas funciona como uma empresa, que tem planejamento, com objetivos e metas estabelecidos. Tem seus stakeholderes: clientes, fornecedores, investidores, parceiros, colaboradores (funcionários, estagiários consultores); tem ainda seus processos operacionais e gerenciais, contrata serviços e presta serviços, tem contas a pagar e realiza prestação de contas. Deve portanto ser reconhecida como tal.

Nesse contexto, facilita muito se houver uma convergência e interação na organização entre filosofia e objetivos de forma global da mantenedora/gestora com a incubadora.

Isso significa que a mantenedora/gestora precisa ter conhecimento do planejamento e ações da incubadora, para haver um alinhamento em seu planejamento e definição dos objetivos para toda a instituição, bem como precisa ter consciência de seu papel e responsabilidade nesse processo, provendo de forma eficaz o que for de sua responsabilidade; e vice-versa com relação ao conhecimento necessário à incubadora, para obtenção de resultados.
2.1 2 Existência de parcerias estratégicas

Na gestão da incubadora outro fator de sucesso são as parcerias estabelecidas e apoio obtido entre entidades em nível municipal, estadual e federal.

Deve haver uma relação de parceiras até mesmo internamente entre os envolvidos no processo. Há necessidade de reconhecimento dos benefícios mútuos nas relações com partes interessadas (empresa incubadas que são os clientes, equipe de gestão, colaboradores, mantenedora, gestora).

Com relação aos parceiros externos, devem ser considerados fatores fundamentais, tendo em vista que além dos investimentos oriundos da mantenedora e ou da gestora, os parceiros também podem subsidiar a incubadora e os empreendimentos hospedados, com as seguintes contribuições: apoio institucional, apoio com bolsa de estágio, bolsa pesquisa, suporte técnico e gerencial,
informações tecnológicas, recursos de informática, recursos financeiros oriundos da aprovação de projetos destinados à proporcionar aos empreendedores treinamentos, capacitação, participação em eventos, consultorias especializadas para desenvolvimento tecnológico, estudos de viabilidade técnica e econômica, marketing, acesso a mercados, entre outros.

A manutenção ou expansão desse apoio depende da apresentação dos resultados esperados e do reconhecimento da incubadora como mecanismo de desenvolvimento e geradora de sucesso aos parceiros por seus investimentos. O mesmo precisa ocorrer com a mantenedora/gestora em relação à incubadora.

Esses parceiros têm fortalecido o movimento de incubadoras, por meio dos convênios firmados, dos recursos que aportam e das ações na área de empreendedorismo, alavancando os projetos das empresas incubadas, que ao colocarem nos mercados produtos inovadores, trazem para o setor produtivo inovação tecnológica, novos empregos e geram desenvolvimento para o país. É um apoio decisivo que precisa ser fortalecido por outras entidades, para obter-se o desenvolvimento econômico e social tão desejado.

2.Cultura empreendedora dos envolvidos no processo

O terceiro fator de sucesso na gestão das incubadoras refere-se à cultura empreendedora que deve estar incorporada a todas as pessoas envolvidas no processo: empreendedores das empresas incubadas, recursos humanos da incubadora e membros da mantenedora e gestora. A linguagem e a importância do empreendedorismo deve ser clara a todos na instituição.
Envolve o que Dolabela (2003), baseando-se em Louis Jacques Filion, chama de elementos de suporte para realização dos sonhos dos empreendedores: Conceito de si, energia, liderança, conhecimento de setor e rede de relações.

Conceito de si – compreende autoconhecimento, envolve saber quais são seus pontos fortes e pontos fracos, quais são suas habilidades e quais precisa desenvolver. A partir do autoconhecimento o profissional (seja ele o empreendedor ou as pessoas envolvidas na gestão da incubadora), forma sua auto-imagem, auto-estima, auto-aceitação e passa a agir com autonomia, tendo também consciência do espaço de si.

Energia - funciona mais ou menos assim, a partir do momento em que o trabalhador tem formado o conceito de si, adquire confiança em si mesmo para traçar seus objetivos de vida e tentar alcançá-los. A energia surge então dentro de si, dando-lhe força para ter iniciativa, criatividade, ousadia, inconformismo e dedicação para alcançar seus objetivos. Uma vez atingidos os objetivos, faz-se necessário traçar novos objetivos de vida, ou seja, sonhar outra vez. E a energia surge novamente, porque está vinculada à motivação, que literalmente significa: ter motivos para a ação.
Liderança - compreende protagonismo, autoria, aceitação de riscos, compreensão do erro como parte de um processo, perseverança. É o comportamento desejado pela economia da era do conhecimento: profissionais arrojados, que se colocam ativamente à frente das equipes, assumindo riscos e persistindo em suas metas.

Conhecimento de setor - compreende busca de informação e percepção de oportunidades. Uma vez definida a área em que pretende atuar de forma empreendedora, o profissional precisa buscar conhecer melhor essa área: as características, as ameaças e oportunidades, além das possibilidades de crescimento e conhecimentos que necessita adquirir, para manter-se atualizado e competitivo.

Rede de relações: compreende saber trabalhar em equipes e estabelecer uma rede de contac
tos. Ao relacionar-se com um grupo de pessoas o empreendedor obtém informações, adquire novas experiências. Além de muitas vezes poder contar com a colaboração das pessoas para viabilizar o atingimento de seus objetivos de vida. Bons relacionamentos abrem portas para parcerias. Nesse sentido é importante que o empreendedor e a própria incubadora faça também o seu marketing pessoal, que se exponham, para atrair investidores para seus negócios.
Para disseminação da cultura empreendedora faz-se necessário haver um programa voltado para o empreendedorismo, com realização de eventos que incluem palestras, depoimentos empresariais, seminários, grupos de discussão, apresentações de trabalhos técnico-científicos; bem como os envolvidos precisam passar de treinamentos, participar de feiras de inovação, de eventos em outras instituições e ter disponível na incubadora literaturas que incentivam o comportamento empreendedor.

Em muitos casos, têm-se nas incubadoras excelentes projetos, no entanto, o profissional responsável pela idéia não desenvolveu competências empreendedoras, o que traz o insucesso ao negócio.

2.14 Um sistema de gestão baseado em princípios mensuráveis

O sistema de gestão de uma incubadora deve atender peculiaridades dessa instituição. Em hipótese alguma poderá ser algo exógeno. Ao contrário deve ser planejado a partir de sua realidade, de suas necessidades. Incubadoras são prestadoras de serviços e como tal, trabalham com a produção de bens intangíveis para o cliente, ou seja, a qualidade do pacote de serviços ofertada é freqüentemente difícil de medir e controlar.

O processo de garantir qualidade nos serviços, tendo a expectativa de que esta melhore de forma contínua, deve ser gerenciado cuidadosamente.

O grande objetivo da qualidade, e do próprio sistema de gestão de uma instituição é garantir a efetividade junto ao mercado-alvo, no caso da incubadora, garantir o sucesso das empresas incubadas.

Por esse motivo, torna-se importante na gestão de uma incubadora, levar em consideração os princípios da Qualidade. Segundo Gianese (1996), o processo de prestação do serviço é tão importante na formação da percepção de qualidade do cliente, quanto o próprio resultado final. Isso significa que a qualidade deve ser construída ao longo da produção de serviços, através da garantia de que cada processo esteja sob controle.

Segundo Maranhão (2001) para fazer funcionar a lógica da qualidade fica muito mais facilitado se houver a adoção dos 08 princípios ou fundamentos de gestão, a saber:
1° - Foco no cliente (matriz de tudo);
2°- liderança (líderes estabelecem a unidade de propósitos e rumos da organização);
3°- engajamento das pessoas (em todos os níveis são a essência da organização);
4°- abordagem de processos (atividades e recursos gerenciados como processos);
5° - abordagem sistêmica para a gestão (processos inter-relacionados);
6° - melhoria contínua (nada é tão bom que não possa ser melhorado);
7°- abordagem factual para a tomada de decisões (decisões baseadas na análise de dados e informações);
8°- benefícios mútuos nas relações com partes interessadas (parcerias entre todas as partes interessadas: clientes, acionistas, empregados, comunidade, governo e demais agentes).
Percebe-se então que a Qualidade é o resultado de um sistema de gestão, baseado em métodos e ferramentas aplicados em processos inter-relacionados, com a participação efetiva das pessoas envolvidas e atenção aos seus stakeholders, em busca da melhoria contínua e obtenção de resultados positivos para o cliente.

Maranhão (2001) destaca que há vários Sistemas de Gestão da Qualidade. O modelo proposto pala família ISO 9000 é o que vem sendo cada vez mais aplicado no mundo, pela sua simplicidade, eficiência e eficácia.

Um primeiro ponto a ser considerado é que um Sistema de Qualidade compõe-se de documentos normativos e de documentos de comprovação da Qualidade. Os normativos definem como as atividades são executadas (é o planejamento dos processos). Os de comprovação registram o resultado da aplicação dos documentos normativos. São normalmente chamados de Registros da Qualidade.

O Manual da Qualidade, segundo Maranhão (2001), é o documento normativo de mais alto nível, ou seja, diz em linhas gerais como a organização funciona e o que ela se propõe a fazer quanto à Qualidade. Deve, no mínimo, esgotar os requisitos obrigatórios da Norma NBR ISO 9001. A organização do manual é de livre escolha, mas é recomendável que seja construído na mesma seqüência dos requisitos. A documentação normativa de segundo nível, de abrangência tática, é composta pelos procedimentos e planos da qualidade e instruções de trabalho. Já os registros da qualidade (documentos de comprovação) fazem parte do último nível, chamado operacional.
Para entendimento da documentação, a sigla DGQ refere-se aos Documentos de Gestão da Qualidade; a sigla PGQ refere-se aos Procedimentos de Gestão da Qualidade e a sigla RGQ refere-se aos registros de Gestão da Qualidade.

5 BIBLIOGRAFIA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 9004: 2000. Sistemas de gestão da qualidade – diretrizes para melhorias de desempenho. Rio de Janeiro, 2001.
DOLABELA, Fernando. Pedagogia empreendedora. São Paulo: Cultura, 2003.
GIANESE, Irineu G. N.; CORRÊA, Henrique Luiz. Administração estratégica de serviços: operações para satisfação do cliente. São Paulo: Atlas, 1996.
MARANHÃO, Mauriti. ISO série 9000 – versão 2000. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001.
SEBRAE/NA. Fatores condicionantes e taxa de mortalidade de empresas no Brasil. Serviço Nacional de Apoio à Micro e Pequena Empresa, 2004. Disponível < http://www.sebrae.com.br/br/aprendasebrae/mortalidade_empresas.asp > Acesso 20 mar.2005.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

CIDADANIA

O QUE É CIDADANIA
A origem da palavra cidadania vem do latim “civitas”, que quer dizer cidade. A palavra cidadania foi usada na Roma antiga para indicar a situação política de uma pessoa e os direitos que essa pessoa tinha ou podia exercer. Segundo Dalmo Dallari:
“A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social”. (DALLARI, Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna, 1998. p.14).
No Brasil, estamos gestando a nossa cidadania. Damos passos importantes com o processo de redemocratização e a Constituição de 1988. Mas, muito temos que andar. Ainda predomina uma visão reducionista da cidadania (votar, e de forma obrigatória, pagar os impostos... ou seja, fazer coisas que nos são impostas) e encontramos muitas barreiras culturais e históricas para a vivência da cidadania.
Os direitos que temos não nos foram conferidos, mas conquistados. Muitas vezes compreendemos os direitos como uma concessão, um favor de quem está em cima para os que estão em baixo. Contudo, a cidadania não nos é dada, ela é construída e conquistada a partir da nossa capacidade de organização, participação e intervenção social.
A cidadania não surge do nada como um toque de mágica, nem tão pouco a simples conquista legal de alguns direitos significa a realização destes direitos. É necessário que o cidadão participe, seja ativo, faça valer os seus direitos. Se o cidadão não se apropriar desses direitos fazendo-os valer, esses serão letra morta, ficarão só no papel.
Construir cidadania é também construir novas relações e consciências. A cidadania é algo que não se aprende com os livros, mas com a convivência, na vida social e pública. É no convívio do dia-a-dia que exercitamos a nossa cidadania, através das relações que estabelecemos com os outros, com a coisa pública e o próprio meio ambiente. A cidadania deve ser perpassada por temáticas como a solidariedade, a democracia, os direitos humanos, a ecologia, a ética.
A cidadania é tarefa que não termina. A cidadania não é como um dever de casa, onde faço a minha parte, apresento e pronto, acabou. Nunca poderemos chegar e entregar a tarefa pronta, pois novos desafios na vida social surgirão, demandando novas conquistas e, portanto, mais cidadania.
Direitos fundamentais para o exercício da cidadania
Os Direitos Fundamentais, ou Liberdades Públicas ou Direitos Humanos são definidos como o conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano, cuja finalidade principal é o respeito a sua dignidade, com proteção ao poder estatal e a garantia das condições mínimas de vida e desenvolvimento do ser humano. Seu objetivo é garantir ao ser humano o respeito à vida, à liberdade, à igualdade e à dignidade, para o pleno desenvolvimento de sua personalidade. Esta proteção deve ser reconhecida pelos ordenamentos jurídicos nacionais e internacionais de maneira positiva.
Todo ser humano já nasce com direitos e garantias, não podendo estes ser considerados como uma concessão do Estado. Alguns estes direitos são criados pelos ordenamentos jurídicos, outros são criados através de certa manifestação de vontade, e outros apenas são reconhecidos nas cartas legislativas.
A Constituição Federal de 1988 trouxe, em seu Título II, os Direitos e Garantias Fundamentais, subdivididos em cinco capítulos:
a) Direitos individuais e coletivos: são os direitos ligados ao conceito de pessoa humana e à sua personalidade. São os direitos à vida, à igualdade, à dignidade, à segurança, à honra, à liberdade e à propriedade;
b) Direitos sociais: o Estado Social de Direito deve garantir as liberdades positivas aos indivíduos. Esses direitos são referentes à educação, à saúde, ao trabalho, à previdência social, ao lazer, à segurança, à proteção à maternidade e à infância e à assistência aos desamparados. Sua finalidade é a melhoria das condições de vida dos menos favorecidos, concretizando assim, a igualdade social;
c) Direitos de nacionalidade: nacionalidade, significa, o vínculo jurídico-político que liga um indivíduo a um certo e determinado Estado, fazendo com que este indivíduo se torne um componente do povo, capacitando-o a exigir sua proteção. Em contrapartida, o Estado sujeita-o a cumprir os deveres impostos a todos;
d) Direitos políticos: permitem ao indivíduo, através de direitos públicos subjetivos, exercer sua cidadania, participando de forma ativa dos negócios políticos do Estado; e
e) Direitos relacionados à existência , organização e participação em partidos políticos: garantem a autonomia e a liberdade plena dos partidos políticos como instrumentos necessários e importantes na preservação do Estado Democrático de Direito.
As pessoas devem exigir que a sociedade e todas as demais pessoas respeitem sua dignidade e garantam os meios de atendimento das suas necessidades básicas.Os direitos humanos têm uma posição bidimensional. Por um lado, têm um ideal a atingir: a conciliação entre os direitos do indivíduo e os da sociedade. Por outro lado, devem assegurar um campo legítimo para a democracia.

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DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL

Prof. Esp. Alcenisio Técio Leite de Sá
A espécie humana, assim como as demais formas de vida, dependem do sistema de interação entre os elementos naturais (água, atmosfera, rochas, plantas, animais e solo).

Para que as pessoas possam ter suas necessidades básicas atendidas é essencial o desenvolvimento econômico, especialmente para as populações de países pobres.

Entretanto, o crescimento desordenado e o elevado padrão de consumo têm causado impactos que reduzem o potencial do meio ambiente, como por exemplo: o aquecimento da atmosfera, o crescimento dos níveis dos oceanos, a poluição das águas, a erosão do solo e a acelerada extinção das espécies.

A conservação ambiental e o desenvolvimento econômico são essenciais para suprir as necessidades humanas.

Sem a conservação do meio ambiente, o crescimento econômico, ao invés de atender às necessidades da população será responsável pela miséria de inúmeros povos e, ainda, pelo comprometimento das condições de sobrevivência das gerações futuras.

A conservação da biodiversidade não é apenas uma questão de proteger a vida silvestre e seus ecossistemas, mas sim de preservar as condições de sobrevivência do homem, por meio da manutenção dos sistemas naturais que sustentam a vida humana.

MEIO AMBIENTE

Embora os ecossistemas naturais tenham certa capacidade de se reajustar, uma série de modificações provocadas pelo homem no meio ambiente tem ultrapassado esta capacidade, gerando desequilíbrios.

As alterações no meio ambiente podem resultar em uma série de problemas, como: o surgimento de novas espécies nos ecossistemas naturais, a extinção de espécies nativas e a introdução de substâncias de natureza prejudicial.

Quanto a primeira dificuldade, alertamos que o surgimento de novas espécies em um ecossistema já formado e de certa forma equilibrado, pode resultar em sua competição com as espécies nativas, causando toda sorte de desequilíbrios, em um habitat ajustado ao longo de muitos anos.

Igualmente, a extinção de uma determinada espécie de um ecossistema pode ocasionar uma série de desequilíbrios, principalmente na cadeia alimentar de outras espécies.

A introdução de substâncias no ambiente natural provocará reações diferentes, de acordo com o tipo de substância e o habitat afetado, a mair dificuldade refere-se às substâncias poluentes, que representam perigo à saúde dos organismos vivos, pois atingem, principalmente, as populações que ocupam os níveis mais altos dos ecossistemas, mas ameaçam a sobrevivência de todas as espécies.

Os principais poluentes da água e do solo são, em geral, o lançamento de dejetos humanos (esgoto) em quantidades excessivas e sem prévio tratamento, o lançamento de resíduos industriais tóxicos e o uso inadequado de inseticidas.

Já, como poluentes do ar atmosférico, podemos mencionar: o monóxido de carbono, o óxido de enxofre e de nitrogênio, os hidrocarbonetos e a matéria particulada em suspensão.

Ora, o meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum e indispensável à sobrevivência humana, deve ser preservado, não só pelo poder público, mas por toda sociedade.

Faz-se mister o entendimento humano de que os recursos ambientais não são inesgotáveis, tornando-se inadmissível o desenvolvimento das atividades econômicas de forma alheia a tal fato. É necessária a coexistência harmônica entre economia e meio ambiente, através de um desenvolvimento praticado de forma sustentável, voltado para a preservação dos recursos existentes atualmente.

Devemos lutar pela preservação do meio em que vivemos, garantindo a existência de novas gerações.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A relação do homem com o meio ambiente é um problema que atormenta a humanidade há muito tempo.

Nossa Constituição Federal estabelece o dever do Estado de promover a educação ambiental, visando a preservação do meio em que vivemos.

Mas, infelizmente, não podemos confiar que o Estado, sozinho, seja capaz de controlar todos os atos e fatos que, direta ou indiretamente, interferem em nosso habitat.

A educação ambiental é sem dúvida o meio mais eficaz de aplicação do princípio da preservação do meio ambiente, mas é claro, exige o investimento atual, para que possamos colher resultados no futuro.

A Professora Iara Verocai concede-nos o significado do vocábulo educação ambiental:

“Processo de aprendizagem e comunicação de problemas relacionados à interação dos homens com seu ambiente natural. É o instrumento de formação de uma consciência, através de conhecimento e da reflexão sobre a realidade ambiental.”

Somente a partir da educação ambiental e do esclarecimento dos cidadãos acerca dos problemas que afetam o meio ambiente e da eficácia de um desenvolvimento sustentável, é que o indivíduo poderá compreender as conseqüências de seus atos sobre o meio ambiente.

A Constituição Federal, de 1988, novamente faz referência à educação ambiental, no inciso VI, do parágrafo 01º, de seu artigo 225:

“Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
(...)
VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para preservação do meio ambiente.”

A Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, estabelece, em seu artigo 05º, os objetivos fundamentais da educação ambiental, dentre os quais podemos destacar:

“(...) o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania (...)”.

Resta claro o objetivo do legislador em aplicar a consciência ecológica ao próprio povo, titular do direito ao meio ambiente, efetivando, assim, o princípio da participação na defesa deste direito.

A educação ambiental traduz-se na redução de custos ambientais, na efetivação no princípio da preservação, na fixação de ideais de consciência ecológica, no incentivo à concretização do princípio da solidariedade e na realização do princípio da participação.

Tais objetivos se completam, vez que no momento em que a sociedade percebe que o meio ambiente é um só, indivisível e pertencente a todos, começa a auxiliar em sua preservação, proporcinando, assim, a redução de custos pelo poder público.

O Código Florestal, Lei nº 4.771/65, apresenta alguns indícios de programas de educação ambiental:

“Artigo 42. Dois anos depois da promulgação desta Lei, nenhuma autoridade poderá permitir a adoção de livros escolares de leitura que não conteham textos de educação florestal, previamente aprovados pelo Conselho Federal de Educação, ouvido o órgão florestal competente.
Parágrafo 1º. As estações de rádio e televisão incluirão, obrigatoriamente, em suas programações, textos e dispositivos de interesse florestal, aprovados pelo órgão competente no limite mínimo de 5 (cinco) minutos semanais, distribuídos ou não em diferentes dias,
(...)
Parágrafo 3º. A União e os Estados promoverão a criação e o desenvolvimento de escolas para o ensino florestal, em seus diferentes níveis.”

O importante é entender que não haverá êxito na divulgação de programas de desenvolvimento sustentável, sem que antes os cidadãos conheçam o meio ambiente e reconheçam o poder que ele exerce sobre nós seres humanos.

Mas, para isto é necessária a propagação de uma educação ambiental sólida, não só nas salas de aula, mas também no dia a dia das pessoas e em todos os atos da comunidade.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A raiz da maior parte dos problemas do mundo está relacionado com o meio ambiente. E não somente a questão da preservação das florestas e dos animais, e sim de recursos essenciais à sobrevivência do homem. Grande parte destas disputas se deve ao fato de que as necessidades do homem são ilimitadas, enquanto os recursos naturais são limitados.

Os conflitos entre países sob alegações ideológicas não passam de interesse econômico nos bens naturais. Temos como exemplo a escassez de água no Oriente Médio, que faz com que Israel queira o território da Cisjordânia, o interesse norte-americano no petróleo existente no Golfo Pérsico e outros mais existentes em todo o mundo.

O direito ambiental, apesar de consistir em uma ciência nova, é ramo autônomo do ordenamento, gozando de princípios próprios, legislação específica e ensino didático.

CONCEITO

O governo brasileiro adota como conceito de desenvolvimento sustentável aquele elencado no Relatório Bruntland, como: “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.

Segundo o Presidente Fernando Henrique Cardoso o meio ambiente e desenvolvimento são a mesma coisa, sendo que não existe mais a guerra travada entre os defensores do ecossistema e os militantes do progresso, hoje, há uma integração entre estes dois elementos, quando é preciso preservar, para desenvolver em benefícios das gerações futuras.

Cristiane Derani, no seu livro Direito Ambiental Econômico, entende desenvolvimento sustentável como "um desenvolvimento harmônico da economia e ecologia que devem ser ajustados numa correlação de valores onde o máximo econômico reflita igualmente um máximo ecológico. Na tentativa de conciliar a limitação dos recursos naturais com o ilimitado crescimento econômico, são condicionadas à consecução do desenvolvimento sustentável mudanças no estado da técnica e na organização social".

Segundo Celso Antônio Pacheco Fiorillo: "o princípio de desenvolvimento sustentável tem por conteúdo a manutenção das bases vitais da produção e reprodução do homem e de suas atividades, garantindo igualmente uma relação satisfatória entre os homens e destes com o seu ambiente, para que as futuras gerações também tenham oportunidade de desfrutar os mesmos recursos que temos hoje a nossa disposição".

Conciliar meio ambiente e desenvolvimento econômico requer planejamento, e não atraso econômico como afirmam algumas pessoas contra. Devemos preservar para que os recursos passem de uma geração a outra e que estas, também tenham condições de sobreviver no futuro. Pois como podemos querer que as nossas futuras gerações sobrevivam sem água. Não devemos, entretanto querer sacrificar o desenvolvimento dos países, alegando que o meio ambiente é único e intocável. Deve haver um equilíbrio para que não cheguemos ao extremo de algumas civilizações passadas que tudo destruíram. Esse equilíbrio deve estar presente tanto na área rural quanto na área urbana.

Isso tudo somente será resolvido com medidas educativas, e com a conscientização de todos os países quanto à preservação do meio ambiente, e quando todos tomarem consciência de que a miséria também é um problema mundial que facilita a degradação do meio ambiente.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO PRINCÍPIO DO DIREITO AMBIENTAL


Alguns doutrinadores classificam o desenvolvimento sustentável como princípio do direito ambiental.

Decorrida a fase de explosão industrial do período liberal e das grandes Revoluções, o conceito de desenvolvimento econômico e tecnológico, a todo custo, perdeu guarida nas sociedades modernas.

Com isto a sociedade passou a exigir a atuação freqüente do Estado na solução das questões ambientais.

A proteção do meio ambiente e o desenvolvimento econômico tornaram-se um objetivo social comum, pressupondo a convergência do desenvolvimento econômico, social, cultural e de proteção ambiental.

O desenvolvimento sustentável, ou, eco-desenvolvimento, é representado pela conciliação entre o desenvolvimento, a preservação do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida, e deve ser aplicado no território nacional em sua totalidade (áreas urbanas e rurais).

PRINCÍPIOS DA VIDA SUSTENTÁVEL

1. Respeitar e cuidar da comunidade dos seres vivos: é quase que um princípio ético, pois não precisamos e não devemos destruir as outras espécies.
2. Melhorar a qualidade de vida humana: é este o principal objetivo do desenvolvimento sustentável, permitir que as pessoas realizem o seu potencial e vivam com dignidade.
3. Conservar a vitalidade e a diversidade do planeta Terra: pois é nele que vivemos.
4. Assegurar o uso sustentável dos recursos renováveis e minimizar o esgotamento de recursos não renováveis.
5. Permanecer nos limites da capacidade de suporte do planeta Terra: isso deve ser analisado em separado nas diferentes regiões do plante, como, por exemplo, não podemos querer encher as florestas de pessoas morando.
6. Modificar atitudes e práticas pessoais: a sociedade deve promover valores que apóiem a ética, desencorajando aqueles que são incompatíveis com um modo de vida sustentável. Deve-se incentivar disciplinas de direito ambiental desde a pré-escola.
7. Permitir que as comunidades cuidem de seu próprio meio ambiente: as comunidades e grupos locais tendem a expressarem as suas preocupações e acharem soluções mais rápidas se estiverem vivenciando o problema.
8. Gerar uma estrutura nacional para a integração de desenvolvimento e conservação: toda sociedade precisa de leis e de estrutura para proteger o seu patrimônio; tentar prever os problemas e evitar danos maiores.
9. Constituir uma aliança global: é de extrema importância, pois a falta de cuidado de um interfere na vida de outrem. Entretanto, não devemos nos contentar com palavras e sem buscar ações.


PRODUÇÃO E CONSUMO SUSTENTÁVEL

Como podemos perceber a livre iniciativa já não é tão mais livre assim, pois acima de tudo deve respeitar e conservar o meio ambiente. Deve procurar encontrar um ponto de equilíbrio. Para que todos tenham condições de ter uma vida digna sem abrir mão de suas ambições.

ESPAÇOS AMBIENTAIS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Os espaços ambientais relacionam-se com o princípio do desenvolvimento sustentável, na medida em que determina de que forma ocorrerá o equilíbrio entre o desenvolvimento industrial, as zonas de conservação da vida silvestre e a própria habitação do homem, tendo como objetivo basilar a manutenção de uma vida com qualidade às presentes e futuras gerações.

Os espaços ambientais são formados por porções do território, que são divididos com o intuito de propiciar a preservação do meio ambiente.

Os espaços ambientais dividem-se em: espaços especialmente protegidos, que não interessam para este estudo, e zoneamento ambiental.

O zoneamento ambiental possui relação estrita com o desenvolvimento sustentável, à medida que auxilia na preservação do meio ambiente, a partir da limitação do uso do solo, interferindo no uso da propriedade particular, com base no princípio da função social da propriedade.

O zoneamento ambiental classifica-se em zoneamento para pesquisas ecológicas, em parques públicos, em áreas de proteção ambiental, costeiro e industrial.

UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL

As unidades de uso sustentável representam um dos grupos de conservação integrantes do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).

Estas unidades visam o uso sustentável dos recursos ambientais, conciliando a conservação da natureza e o uso sustentável de seus recursos naturais.
A Lei do SNUC possui um aspecto social, na medida em que protege, não só o meio ambiente, como também o direito de propriedade.

As unidades de uso sustentável dividem-se em:

1) Áreas de Proteção Ambiental (APAS): criadas pela Lei 6.902/81, consistem em áreas extensas, pouco habitadas e dotadas de inúmeros atributos naturais importantes para a qualidade de vida e o bem estar da população. Tem como objetivo a proteção da diversidade biológica, a disciplina do processo de ocupação e a segurança no uso dos recursos naturais. Exemplo: Guaraqueçaba.

2) Área de Relevante Interesse Ecológico: previstas no Decreto 89.336/84, representa uma área de ação governamental relativa ao equilíbrio ecológico, possuem características naturais próprias, flora exuberante e fauna ameaçada de extinção.

3) Floresta Nacional (FLONA): mencionadas na Lei 9.985/00, mas criadas isoladamente por decretos, são extensões de florestas em terras públicas, criadas com finalidades econômicas, técnicas e sociais, podendo haver reflorestamento destas áreas. Exemplo: Floresta Nacional do Amazonas.

4) Reserva Extrativista: criadas pela Lei 9985/00, consistem em áreas utilizadas por pessoas que provém sua sobrevivência do extrativismo, agricultura e criação.

5) Reserva de Fauna: previstas na Lei do SNUC, tem como objetivo o estudo da fauna, mas dificilmente se tornarão realidade.

6) Reserva Particular do Patrimônio Natural: definidas na Lei 9985/00, são áreas privadas perpétuas, que objetivam a conservação da diversidade biológica.

7) Reservas de Desenvolvimento Sustentável: instituídas pelo artigo 20, da Lei do SNUC, que as define como “área natural que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidas ao longo de gerações e adaptadas às condições ecológicas locais e que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica”, devem ser áreas públicas criadas por um Conselho Deliberativo, composto por organizações da sociedade civil e da população local. O Conselho Deliberativo somente aprovará os planos de procedimento em que conste a definição das áreas de proteção integral de uso sustentável e de amortecimento, bem como corredores ecológicos.

LEGISLAÇÃO

CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO

O primeiro alerta mundial a gravidade da situação com o meio ambiente foi dado em 1972, em Estocolmo, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, promovida pela ONU.

O ideal de um desenvolvimento sustentável surgiu, inicialmente, na Conferência de Estocolmo, quando os países participantes passaram a buscar soluções para o problema da degradação do meio ambiente, foi nesta Convenção que surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável adotado até hoje no Brasil.

Os primeiros princípios da Política Global do Meio Ambiente foram formulados durante a reunião e ampliados, posteriormente, na ECO – 92, são princípios genéricos aplicáveis à proteção mundial do meio ambiente. Já os Princípios da Política Nacional do Meio Ambiente tratam da implementação dos princípios de âmbito global, porém, adequados à realidade social e cultural de cada país.

É importante destacar, que a Conferência do Rio, de 1992, em contraste com a Conferência de Estocolmo, dirigiu-se à criação de uma Agenda 21 que não é uma Agenda Ambiental, mas sim uma Agenda de Desenvolvimento Sustentável.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

O legislador constituinte observou que o crescimento das atividades econômicas não poderia mais ocorrer de forma alheia à preservação ambiental, porquanto sua degradação contínua implicaria na diminuição da capacidade econômica do país e não seria possível às gerações futuras desfrutar da vida com qualidade.

Na Constituição Federal, o princípio do desenvolvimento sustentável encontra-se esculpido no artigo 225, caput, segundo o qual:

“Artigo 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Ainda, o artigo 170, da Carta Magna, demonstra claramente a preocupação do legislador em proteger o meio ambiente:

“A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, oservados os seguintes princípios:
(...)
VI – defesa do meio ambiente”.

AGENDA 21

A Agenda 21 é um documento oficializado por ocasião da “Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento” - ECO 92, ocorrida em 14 de junho de 1992, no Rio de Janeiro, quando seu texto foi oficialmente admitido pelos países ali representados.

A Agenda 21 está voltada para problemas atuais e tem como objetivo preparar o mundo para os desafios do próximo século. Ela prega a realização de mudanças e se representa um marco na solução das questões ambientais.

É um documento da ONU, e como tal, somente goza de obrigatoriedade após ser reconhecido pela legislação de cada país. No Brasil, os Estados e Municípios poderão legislar a partir da Agenda 21, desde que seguindo a União e prevalecendo a legislação mais restritiva.

A Agenda 21 trata das questões do desenvolvimento econômico-social e suas dimensões, à conservação e administração de recursos para o desenvolvimento, ao papel dos grandes grupos sociais que atuam nesse processo. Prega a criação de projetos que visem ao desenvolvimento sustentável, preservando os recursos naturais e a qualidade ambiental.

A Agenda 21 representa um avanço da consciência ambiental e o fortalecimento das instituições para o desenvolvimento sustentável. Apela para a consciência dos Poderes Públicos e para a sociedade, no sentido de criarem ou desenvolverem um ordenamento jurídico capaz de proteger o meio ambiente, a partir do desenvolvimento sustentável. A erradicação da pobreza, a proteção da saúde humana e a promoção de assentamentos humanos sustentáveis surgem como objetivos sociais da Agenda.

No Brasil, a agenda nacional dependerá das agendas estaduais, e estas, por sua vez, das agendas locais, quando cada autoridade iniciará o diálogo com seus cidadãos e organizações locais para a aprovação de uma Agenda 21.

Para que o trabalho não fosse deixado de lado, previu-se uma avaliação dos resultados da Agenda 21 em 1997, a cargo da Assembléia Geral da ONU e da Comissão para o Desenvolvimento Sustentável.

A Agenda 21 consiste em um documento consensual para o qual contribuíram governos e instituições da sociedade civil de 179 países num processo que durou dois anos e culminou com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), já mencionada no início desta exposição.

Além da Agenda 21, resultaram desse processo cinco outros acordos: a Declaração do Rio, a Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas, o Convênio sobre a Diversidade Biológica e a Convenção sobre Mudanças Climáticas.

A Agenda 21 traduz em ações o conceito de desenvolvimento sustentável, alterando os padrões de desenvolvimento do próximo século.

A Agenda 21 é, ainda, um processo de planejamento participativo que analisa a situação atual de um país, estado ou município, e planeja o futuro de forma sustentável, através de em planejamento acerca de todos os atores sociais e da formação de parcerias e compromissos para a solução dos problemas, a partir da análise de aspectos econômicos, sociais, ambientais e político-institucionais.

A Agenda considera, questões ligadas à geração de emprego e de renda, à diminuição das disparidades regionais e interpessoais de renda, às mudanças nos padrões de produção e consumo, à construção de cidades sustentáveis e à adoção de novos modelos e instrumentos de gestão.

O objetivo da Agenda 21 é subsidiar ações do Poder Público e da sociedade em prol do desenvolvimento sustentável, sendo necessário, para tanto, a criação de instrumentos e mecanismos legais internacionais.

Se os países envolvidos não oferecerem suporte à implementação da Agenda 21, através da elaboração de leis nacionais que visem ao desenvolvimento sustentável, o trabalho será esquecido.

Na esfera internacional, há a necessidade de instrumentação legal para a implementação de medidas indispensáveis a uma gestão ambiental no âmbito mundial.

Não só os países em via de desenvolvimento necessitam instrumentos e mecanismos legais, também os países desenvolvidos devem curvar-se a esta necessidade, caso contrário, as relações jamais surtirão efeitos, nem mesmo ante a ameaça de catástrofes mundiais.

ISO 14.000

A International Organization for Standardization, conhecida mundialmente pela sigla ISO, é uma organização não-governamental existente desde 1974, com sede em Genebra, Suíça.

A organização foi criada para reunir normas técnicas e padronizar medidas e especificações.

Um dos serviços mais importantes criado pela ISO reúne normas e padrões referentes à qualidade dentro da empresa, o ISO 9000, e à questão ambiental, o ISO 14000. Seguindo esses padrões e implantando sistemas de qualidade e gestão ambiental, as empresas podem receber os certificados ISO, bastante exigidos por consumidores.

A idéia do ISO 14.000 surgiu das discussões de desenvolvimento sustentável durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - ECO 92.

A série ISO 14000 reúne normas internacionais que estabelecem regras para que as empresas possam implantar Sistemas de Gestão Ambiental, com a finalidade de reduzir desperdícios, quantidade de matéria-prima, de água, de energia e de resíduos usados e obtidos durante o processo de produção, tentando dessa forma minimizar os impactos ambientais e estar de acordo com a legislação ambiental.

A idéia utilizada na Gestão Ambiental é usar menos para produzir mais e com melhor qualidade.

No Brasil, a ISO é representada pela ABNT (Associação Brasileira de Normas e Técnicas), que participa dos comitês, tem direito a voto na organização e também trabalha como certificadora credenciada pelo INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), que é quem fiscaliza as atividades.

A certificação é voluntária, ou seja, deve ser requerida pela própria empresa, com a vantagem de que o implante desses padrões ambientais internacionais pode facilitar a entrada de seus produtos no mercado externo.

Após implantar Sistemas de Gestão Ambiental, ligados à qualidade do ar, da água e do solo, a empresa recebe o certificado e depois, anualmente, a certificadora realizará auditorias de acompanhamento para manutenção do certificado.

Se a empresa abandonar algum dos padrões estabelecidos, corre o risco de perder o certificado ISO 14000. De 3 em 3 anos realizam-se auditorias de renovação, mas os períodos variam de empresa para empresa.

AGENDA 21 BRASILEIRA

A Agenda 21 Brasileira transformou-se em um processo de planejamento estratégico participativo, que foi conduzido pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional.

No processo de elaboração da Agenda a realidade brasileira foi analisada a partir de diferentes focos, observando-se a independência entre o meio ambiental, economia, sociedade e instituições. Além disso, determina que o processo de elaboração e implementação deve estabelecer parcerias, entendendo que a Agenda 21 não é um documento de governo, mas um produto de consenso entre os diversos setores da sociedade brasileira, através da parceria entre governo, setor produtivo e sociedade civil.

Os planos definidos pela Agenda serviriam de base para a elaboração dos Planos Plurianuais do Governo, quando é definido o destino dos recursos públicos do país.

Para o desenvolvimento das idéias o programa foi dividido seis eixos denominados de Agricultura Sustentável, Cidades Sustentáveis, Infra-estrutura e Integração Regional, Gestão dos Recursos Naturais, Redução das Desigualdades Sociais e Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável, permitindo discutir de forma ampla a sustentabilidade do desenvolvimento do Brasil, a partir da análise das diferenças sociais.

Após, encerrada a Agenda 21 Brasileira, o processo de elaboração tomou um novo rumo, através da pesquisa de aspectos estaduais, que visa refletir a diversidade entre as regiões que compõe o país.

A Agenda 21 Brasileira é composta de dois documentos: “Agenda 21 Brasileira – Ações Prioritárias”, que estabelece os caminhos para a construção da sustentabilidade brasileira, e “Agenda 21 Brasileira – Resultado da Consulta Nacional”, produto das discussões realizadas em todo o território nacional.

A Agenda estabeleceu 21 pontos de ação, são eles:
1) Produção e consumo: promover uma campanha nacional contra o desperdício e restringir a produção de recicláveis.

2) Ecoeficiência e responsabilidade social: incentivar mecanismos de certificação nas empresas e procedimentos voluntários de monitoramento.

3) Planejamento estratégico: incorporar a dimensão ambiental dos eixos de desenvolvimento.

4) Energia renovável: reestruturar o Proálcool e desvinculá-lo dos interesses do velho setor sucroalcooleiro.

5) Informação e conhecimento: promover recursos financeiros para pesquisas na área do desenvolvimento sustentável e para a manutenção de pesquisadores no Brasil.

6) Educação permanente: combater o analfabetismo funcional e valorizar o ensino profissionalizante.

7) Promover a saúde: ampliar detecção precoce de hipertensão, diabetes, desnutrição e câncer, democratizando o SUS.

8) Inclusão social: baixar o índice de GINI, que mede a distribuição de renda, de 0,6 para 0,4.

9)Universalizar o saneamento ambiental: ampliar para 60% o tratamento secundário de esgotos na próxima década.

10) Gestão de espaço urbano: tornar o Estado promotor do desenvolvimento urbano sustentável. Promover elaboração de Planos Diretores.

11) Desenvolvimento sustentável do Brasil Rural: promover o acesso a terra e à agricultura familiar.

12) Promoção da agricultura sustentável: incentivar o manejo de sistemas produtivos, adotando o princípio da precaução para transgênicos.

13) Promover a Agenda 21: elaborar indicadores de desenvolvimento sustentável.

14) Implantar o transporte de massa: promover a descentralização das cidades e a implementação de redes de metrô e trens rápidos.

15) Preservar e melhorar bacias hidrográficas: assegurar a preservação dos mananciais pelo estabelecimento de florestas protetoras e proteger margens de rios, recuperando suas matas ciliares.

16) Política florestal e controle de desmatamento: limitar a concessão de créditos para a expansão de fronteiras agrícola. Implantar corredores de biodiversidade em todos os biomas.

17) Descentralização do pacto federativo: fortalecer o federalismo e definir as competências entre União, estados e municípios.

18) Modernização do Estado: estabelecer termos de compromisso para a solução de passivos ambientais amparados por garantias bancárias.

19) Relações internacionais e governança global: fortalecer as Nações Unidas como organismo representativo.

20) Formação de capital social: expandir os incentivos fiscais ao terceiro setor, promover oportunidades para os negros, fortalecer o papel da mulher e proteger os indígenas da biopirataria.

21) Pedagogia da sustentabilidade: adotar o princípio da responsabilidade corporativa.

LEI Nº 6.938/81

A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, estabelece, em seu artigo 04º, os objetivos da política nacional do meio ambiente:

Artigo 04º. A Política Nacional do Meio Ambiente visará:

I – à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;
(...)
III – ao estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;
IV – ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais;”.

Ainda, seu artigo 09º trata dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, mencionando entre eles o zoneamento ambiental.

LEI DO SNUC

A Lei nº 9985/00, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação.

O artigo 02ª da mencionada lei estabelece importantes conceitos acerca do desenvolvimento sustentável, quer sejam: unidades de conservação, conservação da natureza, preservação, proteção integral, uso sustentável, recuperação, restauração, zoneamento etc.

A lei institui, ainda, as unidades de conservação integrantes do SNUC, dividindo-as em dois grupos: Unidades de Proteção Integral, que visam à preservação da natureza, admitindo apenas o uso indireto de seus recursos naturais, e Unidades de Uso Sustentável, que tem como objetivo compatibilizar a preservação da natureza com o uso sustentável dos recursos naturais.

O artigo 20, da lei em questão, estabelece o conceito, a instituição, o funcionamento e os objetivos das Reserva de Desenvolvimento Sustentável.

CÚPULA MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (RIO + 10)

A conferência realizada de 26 de agosto a 4 de setembro de 2002, em Joanesburgo, África do Sul, o evento é conhecido como Rio+10, porque é realizado uma década depois da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio - 92).

A conferência pretende buscar um consenso na avaliação geral das condições atuais e nas prioridades para ações futuras. As decisões serão dirigidas a reforçar compromissos de todas as partes para que os objetivos da Agenda 21 sejam alcançados, analisando assuntos como o Protocolo de Kyoto e a Biodiversidade.

Além destes pontos importantes, foram discutidos alguns programas de desenvolvimento sustentável que foram implantados nos últimos anos e adquiriram êxito razoável.

Ainda, questão sociais, como o problema da propagação da AIDS no continente africano etc.

MODELOS DE APLICAÇÃO

PROGRAMA MUNICIPAL: RECICLAGEM DE LIXO/RIO DE JANEIRO

A cidade do Rio de Janeiro possui um programa de reciclagem de lixo no Rio, atuante principalmente na Zona Sul, quando coletores independentes passam a noite arrecadando latas de alumínio, jornais, papelão e cobre, materiais estes que são posteriormente reciclados.

O município divulga o programa, incentivando os cidadãos a separar os materiais em sacos, ajudando, assim, os coletores que poderão trabalhar de forma mais eficiente e ganhar um salário mais digno.

Os coletores de lixo oficiais do estado também serão beneficiados, pois mais lixo será previamente coletado pelos coletores independentes diminuindo o total de lixo nos caminhões tornando mais breve suas barulhentas coletas noturnas. A economia do estado, o meio ambiente e a cidade só tem a ganhar.

PROGRAMA ESTADUAL: BACIA DO GUARIROBA/MATO GROSSO DO SUL

A degradação de recursos naturais causa e ameaça a sustentabilidade da agricultura, economia e usos de outros recursos. A fim de diminuir o risco da degradação e contaminação do nosso ambiente e mesmo para recupera-lo, é necessário controlar a qualidade dos recursos de água, solo e ar.

Estas ações envolvem alto custo e conflitos de interesses econômicos, sendo difícil executá-las. As decisões exigem um conhecimento amplo das estratégias alternativas capazes de manter o ambiente limpo com os custos aceitáveis.

Mas antes de empregar qualquer atitude no sentido da qualidade da água, é necessário identificar os problemas existentes na bacia hidrográfica, um sistema de coleta de dados das fontes de poluentes deve ser implantado para detectar as causas dos problemas.

Pelo fato das bacias hidrográficas estarem degradadas em larga escala, vem sendo envidados esforços no sentido de se estimular estudos que visem conservar recursos naturais e recuperar danos causados pelo mau uso da terra e água.

O Estado de Mato Grosso do Sul localiza-se em uma região privilegiada quanto aos recursos hídricos. Mesmo assim já enfrenta inúmeros problemas referentes à qualidade e quantidade de água.

A bacia Guariroba possui uma área aproximada de 389,27 Km² e encontra-se situada na nascente do Córrego Saltinho, afluente do Córrego Guariroba.

Na foz da bacia há um reservatório de Captação de Água Superficial, responsável pelo abastecimento de 90% da água portável para a população urbana de Campo Grande/MS.

Entretanto, os problemas causados pela erosão e impróprio manejo dos dejetos animais comprometem seu uso para consumo humano, o que resultou na redução do abastecimento para 60%.

A Bacia do Guariroba está ocupada com atividades agropecuárias, implicando em cerca de cerca de 40 propriedades rurais, das quais muitas destinam-se à criação de bovinos de corte, cria e recria, de forma extensiva e outras menores concetram-se em atividades como: piscicultura, gado de leite e avicultura. A água é utilizada no sustento dos bovinos, despejo de córregos e nascentes.

A água para consumo humano é proveniente de poços superficiais e artesianos. A formação de pastagens destas áreas se fez com a retirada da vegetação natural e o plantio de sementes de pastagens.

Os proprietários que exploram o solo da região utilizam técnicas que romperam o equilíbrio ambiental, provocando um processo acentuado de assoreamento no Córrego Guariroba, e a contaminação da água no reservatório.

O uso da terra e sua ocupação aconteceu desordenadamente, com grandes propriedades, pouco exploradas devido a baixa fertilidade dos solos. Contudo, no final da década de 70 e início da década de 80, os programas de incentivo a ocupação do cerrado proporcionaram a ocupação acelerada destas áreas e a conseqüente degradação dos recursos naturais.

O assoreamento que ocorre na Bacia do Córrego Guariroba, acontece devido ao desmatamento de grande parte da vegetação ciliar, pelos bebedouros utilizados por bovinos e pastagens degradadas em conseqüência da falta de práticas adequadas de manejo e conservação dos solos.

Após a implantação da divisão do Estado de Mato Grosso em 1979, dois programas foram criados para viabilizar a política de implantação, destinando recursos para a infra-estrutura social: o Programa de Desenvolvimento do Estado de Mato Grosso (Promat) e o Programa de Desenvolvimento de Mato Grosso do Sul (Prosul).

Os primeiros anos de existência do Estado de Mato Grosso do Sul, coincidiram com a aceleração no processo de ocupação da área afetada, incorporando grandes áreas ao processo produtivo, mas a vegetação nativa foi sendo depredada.

Recomenda-se a adoção de práticas de uso e manejo do solo que evitem sua pulverização, compactação e que protejam o solo da ação erosiva das chuvas.

Antes de tentar recuperar áreas degradadas é necessário identificar quais as limitações que tais solos impõem à produtividade destas áreas. Alguns solos podem ser recuperados pela simples recomposição do nível de fertilidade perdida, outros solos talvez nunca mais serão completamente recuperados.

A deterioração dos recursos naturais pode ser identificada mediante o monitoramento da micro bacia hidrográfica degradada. Portanto, para diminuir o risco de contaminação e degradação do ambiente e mesmo para recuperá-lo deve-se monitorar a qualidade da água, do solo e do ar.

Em razão dos problemas enfrentados, em 21 de setembro de 1.995, pelo decreto número 7.183, assinado pelo Prefeito do Município de Campo Grande, foi criada a Área de Proteção Ambiental dos Mananciais do Córrego Guariroba.

Esta iniciativa visa assegurar o uso adequado dos recursos naturais, bem como implementar ações para a recomposição das áreas degradadas. Mas até presente, as ações adequadas para conservação do meio ambiente ainda não foram tomadas. Portanto, o objetive principal deste projeto é demonstrar as técnicas economicamente viáveis no controle da erosão e qualidade da água, conscientizando os agricultoras e incetivando-os a implantar técnicas apropriadas na conservação do meio ambiente.

Uma harmonia entre os interesses econômicos dos proprietários e a conservação do meio ambiente poderá ser alcançada, se os proprietários se adaptarem aos sistemas adequados de produção agropecuária sustentável.

PROGRAMA FEDERAL: CICLO DO BAMBU/BRASIL

O bambu, há cerca de 15 anos, vem sendo utilizado como matéria-prima geradora de trabalho e renda pelo Programa de Desenvolvimento do Ciclo do Bambu no Brasil.

O programa já é aplicado em 07 estados e beneficia pessoas de baixa-renda e, em decorrência do interesse de setores empresariais e governamentais, deverá ser implantado em outros estados do país.

O principal objetivo do programa é a promoção do bem estar físico, social, cultural e econômico e para a reintegração da população excluída ao meio produtivo.

Um dos maiores êxitos do projeto foi a premiação do cabide de bambu, feito com matéria-prima 100% biodegradável e compatível com a preservação do meio ambiente

Além do cabide, as cooperativas de trabalho, cerca de 50 espalhadas pelos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Alagoas, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Espírito Santo e Paraná, também produzem brinquedos educativos, maletas, bolsas, acessórios, ventiladores, jogos e móveis de baixo custo e alta qualidade.

A armação de óculos de bambu é um produto já idealizado, mas que ainda não ingressou no mercado.

O bambu alcança seu ponto de maturidade de produção aos três anos e quanto mais de colhe, mais se produz, portanto, não é necessário ser replantado.

O programa auxilia na preservação do meio ambiente e, ainda, serve de incentivo às comunidades carentes, que encontram um meio de subsistência.


O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO COTIDIANO DO CIDADÃO

A crescente diminuição dos recursos naturais brasileiros levou o Governo vem divulgando informações para economia e preservação destes recursos, visando garantir o futuro de nossos descendentes.

Ao mesmo tempo em que o cidadão reduz ou elimina o desperdício, economiza dinheiro.

Neste trabalho explicaremos algumas das idéias e recomendações oferecidas pelo Governo no sentido de desenvolvermos nossas atividades diárias de forma sustentável

ÁGUA

Hoje, metade da população mundial enfrenta problemas de abastecimento de água, quando 97% da água existente no planeta Terra é salgada, 2% formam geleiras inacessíveis e, apenas, 1% é água doce, das quais muitas fontes já estão poluídas ou, simplesmente, secaram.

Nossas reservas de água estão ameaçadas em razão da ameaça representada por esgotos, lixo, resíduos de agrotóxicos e industriais.

O programa tem como objetivo imputar a responsabilidade por essa triste realidade a cada cidadão, induzindo-o a contribuir no dia-a-dia, economizando no consumo de água no banho, na higiene, na comida, na lavagem de louça e roupas, na limpeza da casa, na plantas, prestando atenção para a existência de vazamentos etc.

ENERGIA ELÉTRICA

O consumo de energia elétrica aumenta a cada ano no Brasil, sendo que em breve, estaremos importando energia elétrica de países vizinhos.

Os estabelecimentos comerciais já vem auxiliando na economia de energia com a dinamização de suas atividades, dias e horários de funcionamento.

O consumo residencial e comercial representam cerca de 42% do consumo total e cresce cada vez mais em razão do crescimento do mercado de eletrodomésticos, sendo recomendada a observância do selo Procel – Programa de Combate ao Desperdício de Energia Elétrica nos produtos adquiridos.

Outra forma de economia de energia é representada pela utilização de lâmpadas fluorescentes, evitando, assim, a implantação de programas de economia como o famoso “Apagão”.

Economizando energia, o cidadão contribui para o adiamento da construção de novas hidrelétricas, que causam grandes impactos ambientais e para diminuição da exploração de recursos naturais não renováveis

LIXO
O lixo produzido pela sociedade e demais e aumenta a cada dia.

Essa dificuldade é maior quando associada aos custos para se criar aterros sanitários. A situação torna-se pior quando constatamos que na maioria das cidades brasileiras o lixo é despejado em terrenos baldios ou nos “famosos” e inadequados lixões. Em contraposição a essas práticas, ecologicamente incorretas, vem-se estimulando o uso de métodos alternativos de tratamento como a compostagem e a reciclagem ou, dependo do caso, incineração.

A incineração (queima do lixo) é a alternativa menos aceitável, vez que provoca graves problemas de poluição atmosférica e exige investimentos de grande porte para a construção de incineradores.

A compostagem é uma maneira fácil e barata de tratar o lixo orgânico (detritos de cozinha e fragmentos de plantas).

A reciclagem é uma das melhores alternativas para o lixo inorgânico (plásticos, vidros, metais e papéis), é possível recuperar e reutilizar a maior parte dos materiais que na rotina do dia-a-dia é jogada fora.

O programa fornece, ainda, recomendações para o uso adequado dos aparelhos responsáveis pela poluição atmosférica, como por exemplo a geladeira, o freezer e o ar condicionado.

CONCLUSÃO

Nossa saúde é intimamente ligada com o meio ambiente: o ar que respiramos, a água que bebemos e o solo em que vivemos.

O uso inadequado dos recursos naturais compromete tanto a nossa existência como das gerações futuras.

Em decorrência da imensidão do território brasileiro, muita gente acreditava que os recursos naturais do nosso país eram inesgotáveis.
Entretanto, em
uma descoberta recente, se comparada com a idade da planeta, o ser humano compreendeu que a água, o ar, o solo, a fauna e a flora consistem em recursos finitos em quantidade e qualidade.

Foi pensando neste problema que surgiu a idéia de um sistema de consumo e desenvolvimento sustentável, representado pelo uso conciente dos recursos naturais na satisfação de nossas necessidades, evitando o comprometimento da sobrevivência das gerações futuras.

O desenvolvimento sustentável difundiu-se pelo mundo com velocidade correspondente à necessidade humana de preservar o meio ambiente, e logo passou a ser discutido como requisito para a existência da humana no planeta.

A Conferência de Estocolmo e a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - ECO 92, representam um marco na implantação de programas de desenvolvimento sustentável pelo mundo.

A partir destas duas reuniões, o assunto passou a ser discutido não apenas como um projeto futuro, mas como uma realidade necessária e desejada tanto por grupos militantes de proteção à natureza, mas por líderes políticos mundiais, por grandes empresas e por toda a sociedade.

Como não poderia deixar de ser, o desenvolvimento sustentável tornou-se alvo do ordenamento jurídico mundial, quando diversas leis regulamentando o tema foram instituídas, com importância especial à Agenda 21.

O primeiro passo da legislação brasileira, neste sentido ocorreu com a criação da Agenda 21 Brasileira, a partir daí, diversas normas foram criadas.

Segundo o artigo 02º, da Lei do SNUC, o uso sustentável consiste na:

“(...) exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável;”

Assim, surgiram diversos programas de implantação nacional, estadual e municipal do desenvolvimento sustentável foram surgindo.

Refletetindo claramente a aplicação do velho jargão popular: saber usar para nunca faltar.

E isso não exige um grande esforço, somente mais atenção com o que está ao nosso redor, no nosso ambiente. Basta fazermos uma pequena reflexão sobre como agimos e como devemos agir.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. 6ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Lumen Juris, 2002.

2. DERANI, Cristiane. Direito ambiental e econômico. São Paulo: Editora Max Limonad, 1997.

3. FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

4. FIORILLO, Celso Antônio Pacheco e RODRIGUES, Marcelo Abelha. Direito ambiental e patrimônio genético. Belo Horizonte: Del Rey, 1996.

5. FREITAS, Vladimir Passos de. A Constituição Federal e a efetividade das normas .
2ª ed. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2002.

6. MILARÉ, Édis. Direito do ambiente. 2ª ed. São Paul

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