quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

CARACTERÍSTICAS DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO: FORDISMO, TAYLORISMO, E TOYOTISMO

Prof. Esp. Alcenisio Técio Leite de Sá

Fordismo é um modelo de Produção em massa que revolucionou a indústria automobilística na primeira metade do século XX.

Uma das principais características do Fordismo foi o aperfeiçoamento da linha de montagem. Os veículos eram montados em esteiras rolantes que movimentavam-se enquanto o operário ficava praticamente parado, realizando uma pequena etapa da produção. Desta forma não era necessária quase nenhuma qualificação dos trabalhadores.

O método de produção fordista exigia vultuosos investimentos e grandes instalações, mas permitiu que Ford produzisse mais de 2 milhões de carros por ano, durante a década de 1920. O veículo pioneiro de Ford no processo de produção fordista foi o mítico Ford Modelo T, mais conhecido no Brasil como "Ford Bigode".

Taylorismo propunha uma intensificação da divisão do trabalho, ou seja, fracionar as etapas do processo produtivo de modo que o trabalhador desenvolvesse tarefas ultra-especializadas e repetitivas. Diferenciando o trabalho intelectual do trabalho manual. Fazendo um controle sobre o tempo gasto em cada tarefa e um constante esforço de racionalização, para que a tarefa seja executada num prazo mínimo. Portanto, o trabalhador que produzisse mais em menos tempo receberia prêmios como incentivos.

TOYOTISMO: O sistema pode ser teoricamente caracterizado por quatro aspectos:

1. Mecanização flexível, uma dinâmica oposta à rígida automação fordista decorrente da
inexistência de escalas que viabilizassem a rigidez.

2. Processo de multifuncionalização de sua mão-de-obra, uma vez que por se basear na mecanização flexível e na produção para mercados muito segmentados, a mão-de-obra não podia ser especializada em funções únicas e restritas como a fordista. Para atingir esse objetivo os japoneses investiram na educação e qualificação de seu povo e o toyotismo, em lugar de avançar na tradicional divisão do trabalho, seguiu também um caminho inverso, incentivando uma atuação voltada para o enriquecimento do trabalho.

3. Implantação de sistemas de controle de qualidade total, onde através da promoção de palestras de grandes especialistas norte-americanos, difundiu-se um aprimoramento do modelo norte-americano, onde, ao se trabalhar com pequenos lotes e com matérias-primas muito caras, os japoneses de fato buscaram a qualidade total. Se, no sistema fordista de produção em massa, a qualidade era assegurada através de controles amostrais em apenas pontos do processo produtivo, no toyotismo, o controle de qualidade se desenvolve por meio de todos os trabalhadores em todos os pontos do processo produtivo.

4. Sistema just in time que se caracteriza pela minimização dos estoques necessários à produção de um extenso leque de produtos, com um planejamento de produção dinâmico. Como indicado pelo próprio nome, o objetivo final seria produzir um bem no exato momento em que é demandado.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O USO DOS PORQUÊS

Prof.Esp. Alcenisio Técio Leite de Sá

O uso dos porquês é um assunto muito discutido e traz muitas dúvidas. Com a análise a seguir, pretendemos esclarecer o emprego dos porquês para que não haja mais imprecisão a respeito desse assunto.

POR QUE

O por que tem dois empregos diferenciados:
Quando for a junção da preposição por + pronome interrogativo ou indefinido que, possuirá o significado de “por qual razão” ou “por qual motivo”:
Exemplos: Por que você não vai ao cinema? (por qual razão)
Não sei por que não quero ir. (por qual motivo)
Quando for a junção da preposição por + pronome relativo que, possuirá o significado de “pelo qual” e poderá ter as flexões: pela qual, pelos quais, pelas quais.
Exemplo: Sei bem por que motivo permaneci neste lugar. (pelo qual)


POR QUÊ

Quando vier antes de um ponto, seja final, interrogativo, exclamação, o por quê deverá vir acentuado e continuará com o significado de “por qual motivo”, “por qual razão”.
Exemplos: Vocês não comeram tudo? Por quê?
Andar cinco quilômetros, por quê? Vamos de carro.

PORQUE

É conjunção causal ou explicativa, com valor aproximado de “pois”, “uma vez que”, “para que”.
Exemplos: Não fui ao cinema porque tenho que estudar para a prova. (pois)
Não vá fazer intrigas porque prejudicará você mesmo. (uma vez que)

PORQUÊ

É substantivo e tem significado de “o motivo”, “a razão”. Vem acompanhado de artigo, pronome, adjetivo ou numeral.
Exemplos: O porquê de não estar conversando é porque quero estar concentrada. (motivo)
Diga-me um porquê para não fazer o que devo. (uma razão)

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domingo, 13 de fevereiro de 2011

AS SETE PRAGAS DA LÍNGUA

Prof. Esp. Alcenisio Técio leite de Sá

O Egito tem fama. E pode dormir na cama. Ali viveu Cleópatra, que despedaçou corações imperiais. De lá veio Nefertite, a mais perfeita obra de arte de todos os tempos. Lá estão as pirâmides que desafiam o tempo. Pelo deserto, corre o Nilo, fio de água que fertiliza a terra torrada.

O país experimentou a ira de Deus. Por quê? O faraó escravizou os judeus. Negava-se a libertá-los. O Senhor, impaciente, castigou-o. Puniu a desobediência com 10 pragas. (O povo, atento ao número cabalístico, transformou a dezena em sete). O Todo-Poderoso transformou água em sangue. Derramou três dias de trevas sobre a nação. Matou, numa noite, todos os primogênitos. E por aí foi. O governante, vencido, cedeu.
A língua também tem suas pragas. São vícios. Surgem tímidos. Depois, ganham espaço no rádio e na TV. Alastram-se. Aí, dá no que dá. Enfeiam a língua. Irritam os falantes. Provocam o Paizão. O exemplo egípcio manda pôr as barbas de molho. Antes que o Criador perca a paciência, cuidemos da linguinha nossa de todos os dias.

PRIMEIRA PRAGA

Gerundismo. Olho vivo! Esse vício não tem perdão. Se você é do time que diz "vou estar mandando, vou estar providenciando, vou estar podendo fazer", só tem uma saída. Use as formas portuguesas vou mandar ou mandarei, vou providenciar ou providenciarei, vou poder fazer ou poderei fazer. Se se fizer de bobo, prepare seu rico corpinho. Ele vai arder no mármore do inferno por toda a eternidade. Deus o livre!

SEGUNDA PRAGA

Eu apaixono. Vaaaaaaaaaaaaaaalha-nos, Papai do Céu! Não nos deixeis fazer economia com os verbos pronominais. Apaixonar é um deles. Transitivo direto, ele pede o objeto direto. Às vezes, o complemento é diferente do sujeito. O verbo tem, então, o sentido de causar paixão. É o caso de "Xuxa apaixona as crianças". Outras vezes, o sujeito se toma de paixão. O pronome funciona como objeto direto: eu me apaixono, ele se apaixona, nós nos apaixonamos, eles se apaixonam. Dizer "eu apaixono"? A pergunta é inevitável: "Apaixona quem, cara-pálida?" A resposta exigirá um objeto: "eu apaixono os leitores" ou "eu me apaixono".

TERCEIRA PRAGA

Seje, esteje. Xô, satanás! A troca do a pelo e só pode ser coisa do demo. Ele está louco para aumentar a população do inferno. Espalhou a praga. O mal pegou. Os contaminados pagam preço pra lá de caro. Adiam promessas. Perdem amores. Sujeitam-se a gozações. Caia fora. Dê ao verbo o que é do verbo - o a: que eu seja, ele seja, nós sejamos, eles sejam; eu esteja, ele esteja, nós estejamos, eles estejam.

QUARTA PRAGA

Houveram. Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Que dor! O ouvido grita. Geme. Depois, bate pé. Exige respeito. No sentido de ocorrer ou existir, o houveram não tem vez. Corte-o do seu vocabulário. O ouvinte lhe agradece: Houve (jamais houveram) confusões com os passageiros de ônibus do Distrito Federal. Houve menos candidatos que o esperado. Nunca houve tantas denúncias no país.

QUINTA PRAGA

Se eu deter, trazer, pôr, ver. "Cadê meu pai?", pergunta cada um dos pobres desamparados. "Sou o futuro do subjuntivo. Nasci do pretérito perfeito. Minha mãe é a 3ª pessoa do plural menos o -am final. Ninguém da família pula o muro." Veja: ontem eu detive, ele deteve, nós detivemos, eles detiver(am). Logo, se eu detiver. Eu trouxe, ele trouxe, nós trouxemos, eles trouxer(am). Portanto, se eu trouxer. Eu pus, ele pôs, nós pusemos, eles puser(am). Assim, se eu puser. Eu vi, ele viu, nós vimos, eles vir(am). Vem, forma nota 10: se eu vir.

SEXTA PRAGA

De formas que. Já pra rua, s intruso! As locuções conjuntivas (terminadas por que) rezam na cartilha das conjunções (que, porque, se, quando). São invariáveis. Não aceitam plural nem a pedido de todos os santos: Estava preparado, de forma que se saiu bem na prova. A chuva refrescou a cidade, de maneira que trouxe conforto aos moradores. O projeto não a satisfez, de modo que precisou fazer outro.

SÉTIMA PRAGA

Comeu carne ao invés de peixe. Tudo vale. Alho, crucifixo, banho de sal grosso ajudam a manter longe a tentação. Recorra a todos os santos. Peça-lhes clareza em relação a ao invés de. O trio indica ideia contrária, contrária mesmo (dormiu ao invés de ficar acordada, comeu ao invés de fazer jejum, chorou ao invés de rir, mexeu-se ao invés de manter-se imóvel). Para acertar sempre, fique com em vez de. O trio significa em lugar de. Bivalente, signfica também ao invés de: Morreu em vez de viver. Comeu peixe em vez de carne. Pegou o ônibus em vez do avião. Foi ao teatro em vez de ir ao cinema. Comeu em vez de jejuar.

MORAL DA HISTÓRIA

Os egípcios quiseram testar o Senhor. Levaram na cabeça. Com eles, aprendemos a lição: manda quem pode. Obedece quem tem juízo. Em outras palavras: o chefe tem sempre razão.

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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

ENSAIOS SOBRE A INVEJA

Prof. Esp. Alcenisio Técio Leite de Sá

"O ódio espuma. A preguiça se derrama. A gula engorda. A avareza acumula. A luxúria se oferece. O orgulho brilha. Só a inveja se esconde." Pois foi justamente sobre este pecado tão complexo que se debruçou o jornalista Zuenir Ventura em "Mal Secreto" da Editora Objetiva.

Partindo do princípio de que vivemos em um mundo cada vez mais cínico, a inveja parece ser um sentimento que permeia cada vez mais as relações humanas. Ainda mais se a considerarmos como um produto direto da egolatria disseminada pela publicidade. Acho que nem no tempo das monarquias absolutas e dos grandes impérios se invejou tanto. Se antes, os ideais de poder, beleza, sabedoria e glória estavam separadas da grande maioria pelas segmentações de classes, castas e até raças, hoje esses bens invejáveis são contemplados num clicar de mouse ou num apertar de controle remoto.

Pior do que visíveis, eles tornaram-se obrigatoriamente invejáveis, posto que os que não os invejam geralmente são alcunhados de fracassados.

Muitos autores já trataram desse tema, como, por exemplo, René Descartes que afirmou que o que é habitualmente mais invejada é a glória, pois embora a dos outros não impeça que possamos almejá-la, no entanto, às vezes torna o seu acesso mais difícil e encarece-lhe o valor. De fato, a batalha dos invejosos seria menos árdua se os parâmetros não existissem. Os bem-sucedidos conseguem, a um só tempo, ser modelo do que se inveja e obstáculo para o que se almeja porque a comparação, nesse campo, é sempre inevitável e fatal. Talvez por isso, um pensador da envergadura de Giovanni Papini tenha escrito que a melhor vingança contra aqueles que me pretendem rebaixar consiste em ensaiar um vôo para um cume mais elevado. É que a sina do invejoso parece ser sempre a de perseguir aquilo que não tem ou não é e, portanto, nada mais desgastante para seu espírito do que o sucesso do alvo que inveja.

Na seara da luta entre invejosos e invejados, torna-se comum os primeiros fazerem uso de difamações, calúnias e toda sorte de ardil para atingirem o que desejam, sejam cargos, bens, ou até cônjuges. Em algumas situações, é curioso notar como o indivíduo verdadeiramente sagaz serve-se da própria difamação para retocar melhor o seu retrato e suprimir as sombras que lhe afetam a luz, como revela Papini em seu relatório sobre o Homem. O invejoso torna-se, sem querer, o colaborador da sua perfeição, proporcionando-lhe as tintas com as quais o quadro do bem-sucedido passa a ter cores ainda mais fortes, brilho até mais intenso, valor certamente maior.

A inveja é o mais dissimulado dos sentimentos humanos, não só por ser o mais desprezível, mas porque se compõe, em essência, de um conflito insolúvel entre a aversão a si mesmo e o anseio de auto-valorização, de tal modo que a alma, dividida, fala para fora com a voz do orgulho e para dentro com a do desprezo, não logrando jamais aquela unidade de intenção e de tom que evidencia a sinceridade?. Pode haver definição mais coerente? Esse raciocínio pode ser comprovado na simples lembrança de alguma situação que você, leitor, possa ter de um caso clássico de inveja.

Geralmente o invejoso tem uma percepção distorcida de si mesmo. Essas vozes dissonantes da qual fala Olavo são as vozes de uma auto-imagem equivocada, de uma falta de senso crítico sobre si mesmo, o que provoca o extremismodos valores para mais ou para menos (ou para ambos ao mesmo tempo). Quem inveja se acha merecedor do mérito do outro, mas é, mesmo que em um nível inconsciente, sabedor da sua mediocridade. Pode haver algo mais triste?

A inveja detesta a competição, exceto quando sabe que vai ganhar?. Seguindo esse raciocínio é possível entender os procedimentos de um invejoso autêntico, aquela figura meio gente, meio sombra que trafega nos bastidores aspirando o palco, arrasta correntes no palácio onde sonha ser rei, segura vela pelo parceiro alheio. A propósito, se eu tivesse de definir em uma frase o tema, diria que a inveja é a primeira amiga do alheio, afinal, não deixa de, assim como o ladrão, tentar tomar o que é do outro.

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