terça-feira, 22 de setembro de 2009

ESTRUTURA DO ANTEPROJETO E DO PROJETO DE PESQUISA

Prof.Esp. Alcenisio Técio Leite de Sá
O trabalho final deve ser precedido por duas etapas: o anteprojeto e o projeto de pesquisa. Para elaborar o anteprojeto observe a seguinte estrutura:
enunciar o assunto/tema;
definir os objetivos do trabalho;
delimitar o assunto a ser estudado;
justificar a escolha do tema;
elaborar o esquema de trabalho;
relacionar a bibliografia disponível a ser usada.
O anteprojeto do trabalho adota uma estrutura semelhante a do trabalho final. A diferença está no grau de aprofundamento e comprometimento do pesquisador com o assunto proposto que, ao primeiro contato, naturalmente é superficial.
PROJETO DE PESQUISA
O projeto de pesquisa deve seguir a seqüência de itens que serão comuns a todos os tipos de trabalho conforme segue:
Folha de Rosto
Sumário
Lista de Ilustrações (se for o caso)
Introdução
I - O Problema:
1. Objetivos (final e intermediários)
2. Hipóteses ou Suposições
3. Delimitação do estudo
4. Relevância do estudo
5. Definição dos termos (se for o caso)
II - Referencial Teórico
III - Metodologia
1. Quanto aos fins
2. Quanto aos meios
IV - Cronograma
V - Bibliografia
Anexos (opcional)
Onde Folha de Rosto e Sumário são chamados de Parte Pré-Textual. Introdução, Problema, Referencial Teórico, Metodologia e o Cronograma são chamados de Parte Textual. Bibliografia e anexos são chamados Pós-Textual.
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO PROJETO:
Introdução
É onde o autor "vende" seu projeto, apresentando de forma resumida o conteúdo de cada capítulo, o que significa que deverá ser feito por último.
Problema
A partir dos tópicos já vistos (escolha e delimitação do assunto), e já tendo alguma leitura sobre o assunto, podemos elaborar o problema que será objeto do estudo. Entretanto, pode ocorrer do aluno já ter uma prévia idéia sobre ele, pelos mesmos motivos que o levaram a escolher o assunto (em função do trabalho, do momento profissional etc.).
Um problema "é uma questão não resolvida, é algo para o qual se vai buscar resposta, via pesquisa" (Vergara, 1997:21). Um problema não é sempre um problema. É chamado problema porque para o pesquisador é o que ele quer destrinchar. Ele é extraído de um tema e geralmente se apresenta em forma de uma pergunta onde há relação entre variáveis.
Lembrando exemplos anteriores:
Tema: Recursos Humanos
[Um possível] problema: Qual a correlação entre* a formação de instrutores de recursos humanos na empresa ‘A’ no período de 2005 a 2008 e seus índices de produtividade?
Vemos que as expressões em itálico denotam a relação entre a variável "formação de instrutores..." e a variável "índices de produtividade".
Outros exemplos:
Tema: Cultura Organizacional
Problemas:
a - Como a dimensão simbólica permeia as relações de trabalho na Método Engenharia?
b - Em que medida os padrões culturais da TELEMAR podem facilitar ou dificultar o atendimento às mudanças ambientais? (Conceição Mendes Sá)
Tema: Marketing de Serviços
Problemas:
a - Há congruência entre as expectativas e as percepções dos usuários do Serviço de Cardiologia do Hospital Miguel Couto quanto à qualidade dos serviços prestados? Se há congruência, o que a explica? Se não há, o que explica sua ausência?

b - No âmbito da prestação de serviços de informática e telecomunicações por parte do Serviço de Recursos da Informação – Serinf – da Petrobrás, existe diferença entre os fatores que levam o cliente a classificar o encontro de serviço como satisfatório ou insatisfatório e os fatores que o prestador julga que levam o cliente a tal satisfação? (Rodrigo Cardoso Júnior)
Objetivos
"Se o problema é uma questão a investigar, objetivo é um resultado a alcançar" (Vergara, 1997:25). O objetivo final, se alcançado, dá respaldo ao problema. Objetivos intermediários são metas que devem ser construídas para se chegar ao objetivo final. Sua redação deve ser feita com o verbo no infinitivo.
Exemplos (Loureiro e Carvalho Junior, apud Vergara, 1997:25):
Problema:
O baixo nível de compra de seguros por pessoas físicas no Brasil, comparativamente à realidade internacional, é decorrente da oferta inadequada do produto ampliado, ou do poder aquisitivo do consumidor?
Objetivo Final:
Identificar até que ponto o baixo nível de compra de seguros por pessoas físicas no Brasil decorre da oferta inadequada do produto ampliado, ou do poder aquisitivo do consumidor.
Objetivos Intermediários:

Verificar a cartelização do mercado e sua relação entre os grandes grupos e bancos.
Avaliar o nível de regulamentação por parte do governo.
Problema:
Alguns autores têm afirmado que a produção científica brasileira em organizações está fortemente calcada em referencial estrangeiro, sobretudo no de origem americana. Quais as possíveis conseqüências para a administração no Brasil?
Objetivo Final:

Apresentar a consolidação de reflexões sobre as possíveis conseqüências, para a administração no Brasil, das referências utilizadas por nossos autores.
Objetivos Intermediários:
Levantar as nacionalidades das referências utilizadas por autores brasileiros de análise organizacional.
Levantar as principais razões que levam esses autores à utilização do tipo de referência indicado e, dessa forma, explicar tal uso.
Hipóteses ou Suposições
Enquanto o problema é uma questão a investigar e o objetivo é um resultado a alcançar, as hipóteses ou suposições são a resposta antecipada ao problema.
As hipóteses implicam em trabalhar com testagem e estatística (existem softwares para auxiliar nessa tarefa), enquanto as suposições estão mais associadas a pesquisas qualitativas, não precisando de testagem via estatística.
Exemplos de hipóteses:
H0 – Não há relação significativa entre marca e desejo de compra por parte do adolescente.
H1 – Há relação significativa entre marca e desejo de compra por parte do adolescente.
(Onde H0 é conhecida como hipótese nula, e H1 é chamada de hipótese alternativa.)
Exemplo de suposição:
Problema:
Até que ponto o desejo de aceitação pelo grupo social influencia o indivíduo na compra de produtos de informática?
Suposição:
O desejo de aceitação pelo grupo social atua como fonte motivadora significativa para o indivíduo, na compra de produtos de informática.
Delimitação do Estudo
"Delimitação do estudo refere-se à moldura que o autor coloca em seu estudo. É o momento em que se explicita para o leitor o que fica dentro do estudo e o que fica fora. Já que a realidade é extremamente complexa, por um lado, e história por outro, não se pode analisá-la em seu todo; logo, cuida-se apenas de parte dessa realidade" (Vergara, 1997:30).
A delimitação se refere aos limites do assunto a ser investigado. Nela se especificam os conceitos principais que serão estudados e aqueles que não fazem parte da proposta do estudo, o período de tempo a ser empregado na pesquisa, o local etc. Veja os exemplos a seguir:
Problema:
Que instrumento poderá permitir avaliar a eficácia do Fundo de Desenvolvimento de Programas Cooperativos ou Comunitários de Infra-estruturas Rurais?
Delimitação do estudo:
Entre as inúmeras variáveis que podem revelar o grau de eficácia do Fundec, o estudo estará circunscrito, fundamentalmente, àquelas que traduzem a qualidade de vida da população, inclusive quanto ao aspecto de aperfeiçoamento da vida comunitária. Desse modo, será dada ênfase a variáveis concernentes à infra-estrutura econômica a social, bem como às relacionadas ao apoio institucional, esporte e lazer. Entre as primeiras são aqui destacadas: escolas, postos de saúde, abastecimento de água, sistema de esgoto, vias de transporte e comunicação.
Relevância do Estudo
Relevância do estudo é a resposta que o autor do projeto dá à seguinte indagação do leitor: em que o estudo é importante para a área na qual está atuando, ou para a área na qual busca formação acadêmica, ou para a sociedade em geral? Em outras palavras, nessa seção o autor justifica seu estudo, apontando-lhe contribuições de ordem prática ou teórica. Como o fizeram Eliseo Duarte Flores e Artur Luiz Santana Moreira. Veja:
Problema:
Qual é o grau de autonomia política do Banco Central do Paraguai relação ao Ministério da Fazenda?
Relevância do estudo:
O Paraguai, como outros países da América Latina, encontra-se em processo de transição democrática. Resulta daí que, provavelmente; dentro de pouco tempo necessitará formular uma nova Constituição. Nesta deverá ser definida a função do Banco Central dentro do contexto administrativo do país, de modo a assegurar ao Banco maior independência política.
Considerando-se relevante a reformulação dos atuais mecanismos de gestão monetária nacional com o propósito de fortalecer o poder decisório e.fiscalizador do Banco Central, de modo que ele possa desempenhar sua função de guardião da moeda, com autonomia em relação às pressões do quadro geopolítico da Nação.
Um estudo que dê tratamento especial à questão da autonomia política do Banco Central do Paraguai em relação ao Ministério da Fazenda, certamente, contribuirá para o delineamento de diretrizes para desempenhos futuros. Eis aí a relevância do estudo.
Problema:
Até que ponto o Brasil caminha para um modelo liberal de relacionamento entre civis e militares no que concerne às prerrogativas concedidas a estes últimos?
Relevância do estudo:
Qualquer decisão a ser tomada na área de defesa necessita ser coerente com o modelo militar que a sociedade vier a escolher por meio de seus representantes, pois somente assim haverá adequada alocução de recursos materiais e humanos no que diz respeito a sua efetividade.
Ao estudarmos até que ponto as Forças Armadas brasileiras estão caminhando para o modelo liberal, estaremos contribuindo para a identificação das possíveis contradições inerentes ao processo, bem como pura o aprendizado de seu controle, uma vez que o processo decisório a ser desencadeado politicamente para acentuar ou reverter aquele modelo deverá considerar não só a história, como também a situação conjuntural e estrutural das Forças Armadas.
Hoje, aparentemente, as instituições militares brasileiras parecem desenvolver políticas de defesa desvinculadas de qualquer política nacional mais ampla, até porque esta está sendo reformulada. No entanto, a identificação do caminho que está sendo percorrido atualmente pelas Forças Armadas e de suas contradições poderá oferecer subsídios para um processo decisório que implante ou acelere um novo modelo legitimamente escolhido, sem riscos de contratempos institucionais perigosos à ordem democrática e aos anseios da sociedade.
Definição dos Termos
Trata-se de uma lista dos termos-chave presentes no trabalho com suas definições, como se faz em dicionários. Em geral é utilizada quando o assunto aborda conceitos que não são de domínio corrente. Seu uso é opcional.
Referencial Teórico
Neste capítulo são abordados os conceitos extraídos da bibliografia e os estudos já realizados por outros autores sobre o tema ou especificamente sobre o problema, e que serão utilizados no trabalho de monografia.
"Além de visitar e revisitar a literatura, é no capítulo destinado ao referencial teórico que o autor do projeto aponta para o leitor as lacunas que percebe na bibliografia consultada, ou as discordâncias que com ela tem ou os pontos que considera precisam ser confirmados. Lacunas percebidas, discordâncias existentes ou pontos a ratificar permitem novas propostas, reconstruções, dão vida ao trabalho científico" (Vergara, 1997:34).
Para o projeto de pesquisa, este deve ser o tópico mais desenvolvido. Ele pode até mesmo vir a ser um importante capítulo da futura monografia, com as devidas correções e/ou modificações.
Algumas observações:
É importante mencionar os autores reconhecidamente importantes em relação ao tema escolhido.
Quanto aos livros e textos consultados,
"Ler o sumário ou o resumo dessas obras para abandonar as que não agregarão valor à solução do problema. Ler também a bibliografia, as notas de rodapé e as notas e comentários que podem oferecer indicações de outras obras. Igualmente, ler-lhes o índice ou o abstract e selecioná-las. Fazer leitura exploratória das obras que restaram. Abandonar mais algumas, se for o caso. Ler com profundidade as obras que já sofreram as filtragens anteriores. Fazer anotações, referenciando nome e sobrenome do autor, nome da obra, editora, ano da publicação, número da página de que foi transcrita a informação. Se a anotação é a transcrição de algum trecho da obra, colocá-la entre aspas, para mais tarde lembrar que aquelas palavras foram ditas por outra pessoa que não você. Também é importante, importantíssimo, registrar conclusões pessoais" (ibid.)
Metodologia
Entende-se por metodologia a determinação das formas que serão utilizadas para reunir os dados necessários para a consecução do trabalho. Por exemplo, se a idéia é discutir a ‘formação de instrutores na empresa X no período y’, então teremos que decidir sobre quais informações necessitamos, onde ela está e como coletaremos os dados teóricos e de campo e de que maneiras vamos tratá-los.
Em geral iniciamos lendo e fichando os livros e textos que tratam do assunto pretendido. Depois procuramos observar o processo in loco – na empresa - durante um período determinado. A observação nos dará condições para precisar as formas de coleta de dados que utilizaremos mais tarde, quando estivermos elaborando a parte final do trabalho.
Se precisarmos fazer entrevistas com as pessoas deveremos então preparar o roteiro ou o questionário. Aplicaremos o questionário e depois procuraremos compreender e analisar seus resultados.
Enfim, a pesquisa às fontes bibliográficas, o processo de observação, a entrevista e a análise, segundo uma determinada perspectiva, indicarão as metodologias que foram escolhidas para tratar o assunto pretendido.
Para facilitar o entendimento, utilizamos a classificação de Vergara (ibid., p. 44), que compreende a pesquisa segundo dois critérios:
1.Quanto aos fins;
2.Quanto aos meios.
Quanto aos fins, a autora afirma que a pesquisa pode ser:
1. Exploratória
4. Metodológica
2. Descritiva
5. Aplicada
3. Explicativa
6. Intervencionista
Quanto aos meios de investigação, pode ser:
1. Pesquisa de campo
6. Estudo de caso
2. Pesquisa de laboratório
7. Ex post facto
3. Telematizada
8. Experimental
4. Documental
9. Participante
5. Bibliográfica
10. Pesquisa-ação
Quanto aos fins:
A investigação exploratória é realizada em área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Por sua natureza de sondagem, não comporta hipóteses que, todavia, poderão surgir durante ou ao final da pesquisa. É, normalmente, o primeiro passo para quem não conhece suficientemente o campo que pretende abordar.
A pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação. Pesquisa de opinião insere-se nessa classificação.
A investigação explicativa tem como principal objetivo tornar algo inteligível, justificar-lhe os motivos. Visa, portanto, esclarecer quais fatores contribuem, de alguma forma, para a ocorrência de determinado fenômeno. Por exemplo: as raízes do sucesso de determinado empreendimento. Pressupõe pesquisa descritiva como base para suas explicações.
Pesquisa metodológica é o estudo que se refere a elaboração de instrumentos de captação ou de manipulação da realidade. Está, portanto, associada a caminhos, formas, maneiras, procedimentos para atingir determinado fim. Construir um instrumento para avaliar o grau de descentralização decisória de uma organização é exemplo de pesquisa metodológica.
A pesquisa aplicada é fundamentalmente motivada pela necessidade de resolver problemas concretos, mais imediatos, ou não. Tem, portanto, finalidade prática, ao contrário da pesquisa pura, motivada basicamente pela curiosidade intelectual do pesquisador e situada, sobretudo, no nível da especulação. Exemplo de pesquisa aplicada: proposta de mecanismos que diminuam a infecção hospitalar.
A investigação intervencionista tem como principal objetivo interpor-se, interferir na realidade estudada, para modificá-la. Não se satisfaz, portanto, em apenas explicar. Distingue-se da pesquisa aplicada pelo compromisso de não somente propor resoluções de problemas, mas também de resolvê-los efetiva e participativamente.
Obs. Uma pesquisa pode ter mais de uma finalidade simultaneamente.
Quanto aos meios:
Este item diz respeito às maneiras pelas quais a informação será procurada e permite, também, utilizar várias metodologias simultaneamente dependendo do que se está pretendendo.
Pesquisa de campo é investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo. Pode incluir entrevistas, aplicação de questionários, testes e observação participante ou não. Exemplo: levantar com os usuários do Banco X a percepção que têm sobre o atendimento ao cliente.
Pesquisa de laboratório é experiência realizada em local circunscrito, já que no campo seria praticamente impossível realizá-la. Simulações em computador situam-se nesta classificação.
Pesquisa telematizada busca informações em meios que combinam o uso do computador e as telecomunicações. Pesquisas na Internet são um exemplo disso.
Investigação documental é a realizada em documentos conservados no interior de órgãos públicos e privados de qualquer natureza, ou com pessoas: registros, anais, regulamentos, circulares, ofícios, memorandos, balancetes, comunicações informais, filmes, microfilmes, fotografias, video-tape, informações em disquete, diários, cartas pessoais a outros. O livro editado pela Fundação Getúlio Vargas e pela Siciliano em 1995 sobre a vida de Getúlio Vargas é, basicamente, apoiado em pesquisa documental, notadamente, o diário de Vargas.
Pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral. Fornece instrumental analítico para qualquer outro tipo de pesquisa, mas também pode esgotar-se em si mesma. O material publicado pode ser fonte primária ou secundária. Por exemplo: o livro Princípios de Administração Científica, de Frederick W. Taylor, publicado pela Editora Atlas, é fonte primária se cotejado com obras de outros autores que descrevem ou analisam tais princípios. Estas, por sues vez, são fontes secundárias em relação ao primeiro por se basearem nele para explicitar outras relações.
O material publicado pode também ser fonte de primeira ou de segunda mão. Por exemplo: se David Bohn escreveu um artigo, ele é fonte primária. No entanto, se esse artigo aparece na rede eletrônica editado, isto é, com cortes a alterações, é fonte de segunda mão.
Pesquisa experimental é investigação empírica na qual o pesquisador manipula e controla variáveis independentes e observa as variações que tal manipulação e controle produzem em variáveis dependentes. Variável é um valor que pode ser dado por quantidade, qualidade, característica, magnitude, variando em cada caso individual. Exemplo: na expressão sociedade globalizada, globalizada é a variável do conceito sociedade. Variável independente é aquela que influencia, determina ou afeta a dependente. É conhecida, aparece antes, é o antecedente. Variável dependente é aquela que vai ser afetada pela independente. É descoberta, é o conseqüente. A pesquisa experimental permite observar e analisar um fenômeno, sob condições determinadas. O estudo de Elton Mayo, em Hawthorne, é um bom exemplo de pesquisa experimental no campo. Todavia, também se pode fazer investigação experimental no laboratório.
Investigação ex post facto refere-se a um fato já ocorrido. Aplica-se quando o pesquisador não pode controlar ou manipular variáveis, seja porque suas manifestações já ocorreram, seja porque as variáveis não são controláveis. A impossibilidade de manipulação e controle das variáveis distingue, então, a pesquisa experimental da ex post facto.
A pesquisa participante não se esgota na figura do pesquisador. Dela tomam parte pessoas implicadas no problema sob investigação, fazendo que a fronteira pesquisador/pesquisado, ao contrário do que ocorre na pesquisa tradicional, seja tênue.
Pesquisa-ação é um tipo particular de pesquisa participante que supõe intervenção participativa na realidade social. Quanto aos fins é, portanto, intervencionista.
Estudo de caso é o circunscrito a uma ou poucas unidades, entendidas essas como uma pessoa, uma família, um produto, uma empresa, um órgão público, uma comunidade ou mesmo um país. Tem caráter de profundidade e detalhamento. Pode ou não ser realizado no campo.
Repetindo: os tipos de pesquisa, como você certamente já percebeu, não são mutuamente exclusivos. Por exemplo: uma pesquisa pode ser, ao mesmo tempo, bibliográfica, documental, de campo e estudo de caso.
Veja os exemplos de Letícia Silva de Oliveira Freitas e de Luís Alexandre de Paula Pessoa:
Problema:
Quais as percepções, expectativas e sugestões dos trabalhadores em educação da UEMA quanto a sua política de qualificação para esse segmento?
Tipo de pesquisa:

Para a classificação da pesquisa, toma-se como base a taxionomia apresentada por Vergara (1990), que a qualifica em relação a dois aspectos: quanto aos fins a quanto aos meios.
Quanto aos fins, a pesquisa será exploratória a descritiva. Exploratória porque, embora a UEMA seja uma instituição com tradição a alvo de pesquisas em diversas áreas de investigação, não se verificou a existência de estudos que abordem a política de qualificação de seu quadro de funcionários com o ponto de vista pelo qual a pesquisa teen a intenção de abordá-lo. Descritiva, porque descreve percepções, expectativas e sugestões do pessoal técnico-administrativo de nível superior da UEMA, acerca de sua política de qualificação de pessoal.
Quanto aos meios, a pesquisa será bibliográfica, documental e de campo. Bibliográfica, porque para a fundamentação teórico-metodológica do trabalho será realizada investigação sobre os seguintes assuntos: evolução das organizações e recursos humanos, setor de recursos humanos, planejamento e administração de pessoal, qualificação de pessoal, política educacional, missão da universidade, quadro de pessoal de uma universidade. A investigação será, também, documental, porque se valerá de documentos internos à UEMA que digam respeito ao objeto de estudo. A pesquisa será de campo, porque coletará dados primários na UEMA.
Problema:
Tendo em vista a análise da geração de emprego direto e indireto, quais as metodologias de balanço social atualmente utilizadas?
Tipo de pesquisa:
Considerando-se o critério de classificação de pesquisa proposto por Vergara (1990), quanto aos fins e quanto aos meios, tem-se:
a. quanto aos fins – trata-se de uma pesquisa descritiva, pois pretende expor as características das metodologias de balanço social atualmente utilizadas;
b. quanto aos meios – trata-se de pesquisa, ao mesmo tempo, bibliográfica e documental.
Classifica-se como pesquisa bibliográfica, pois se recorrerá ao uso de material acessível ao público em geral como livros, artigos e balanços sociais já publicados, embora estes sejam apresentados de forma excessivamente agregada.
A pesquisa é também documental, porque será feito uso de documentos de trabalho e relatórios de consultorias privadas, não disponíveis para consultas públicas.

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5 comentários:

Geisla Carvalho disse...

Muito bom, de grande valia para quem quer escrever um projeto e tem dúvida.

Unknown disse...

Um ótimo trabalho, Professor!
Obrigado!

Unknown disse...

Obrigado pela dica caríssimo professor...!

Unknown disse...

Obrigado pela dica caríssimo professor...!

Unknown disse...

Excelente explicação, me esclareceu muito!