terça-feira, 29 de dezembro de 2009

ALBERT EINSTEIN E OS PRÉ CONCEITOS

Prof. Esp. Alcenisio Técio Leite de Sá
Esta é uma daquelas histórias ditas inacreditáveis. Após o jantar, na casa de uma celebridade nova-iorquina, eu e mais outros convidados fomos conduzidos a uma outra sala. Estava prestes a presenciar um concerto musical. Como eu era totalmente indiferente a qualquer tipo de música, quando iniciaram os acordes, minha mente estava longe, em outro lugar. Meus ouvidos nada ouviam. Todos aplaudiam. Um homem ao meu lado perguntou se eu gostava de Bach. Não tinha a mínima idéia, eu era escritor e não um aficcionado por música. Olhei para aquele senhor de fartos cabelos brancos. Era ninguém menos do que Albert Einstein.

Após me recuperar do choque inicial, disse-lhe que não sabia nada de Bach, que não conhecia nada de música. Einstein ficou perplexo com minha resposta. Levantou em meio aos convidadose solicitou que o acompanhasse ao segundo andar. Todos os presentes se entreolhavam e murmuravam alguma coisa. Na sala de cima, perguntou-me sobre que tipo de música eu gostava. Disse que gostava de música da qual eu soubesse a melodia, a letra. Após lhe dizer que Bing Crosby era um dos poucos, Einstein achou um disco e colocou-o na vitrola. Depois desligou e pediu que eu cantarolasse. Cantei sem desafinar. Einstein ficou maravilhado, dizendo que eu não era de todo uma negação em matéria de música. Disse-lhe que era das minhas favoritas e que já tinha escutado, muitas vezes, só por isso.

Fazendo-me voltar ao passado, disse que quando eu era menino com certeza meu professor de Aritmética primeiro me ensinou as coisas mais simples, como somar e subtrair, para só depois passar às frações. Assim também é com a música. Depois de conhecer as mais simples deve-se passar a conhecer as mais complexas.

Passou a colocar na vitrola discos de músicos famosos, como John McCormack e Caruso e, depois de tocar um trecho, pediu que eu cantarolasse. Einstein estava maravilhado e estupefato com a minha reação à música. Estava conseguindo cantar.

Parecia que nada mais importava naquele momento para Einstein. Após me fazer ouvir uma série de grandes músicos e até músicas sem letras, somente o instrumental, Einstein me abraçou e disse que já estava pronto para Bach.

Voltamos à sala de baixo e, após o concerto, aplaudi com muito entusiasmo, como todos os outros convidados. Aquele homem generoso havia me ensinado a gostar de Bach.

Esta é uma lição que nos ensina que não podemos fazer pré conceitos de coisas que não experimentamos ainda.

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