DAS OBRIGAÇÕES
CONCEITO - obrigação é um vínculo jurídico em virtude do
qual uma pessoa fica adstrita a satisfazer uma prestação em proveito da outra
(Orlando Gomes). - trata-se de uma relação jurídica de natureza pessoal,
através da qual uma pessoa (devedor) fica obrigado a cumprir uma prestação
economicamente apreciável – dar, fazer ou não fazer alguma coisa -, em proveito
de outrem (credor).
Elementos das obrigações:subjetivo, objetivo e espiritual
1. Subjetivo
(pessoal)
As partes
da relação obrigacional – o sujeito ativo (credor) e o sujeito passivo (devedor).
- os sujeitos podem ser pessoa física ou jurídica, admitindo-se um sujeito
determinável em algumas situações, a exemplo da emissão de um cheque ao
portador.
2. Objetivo
(material)
O objeto
da obrigação – a prestação. - a prestação consiste no objeto da relação
obrigacional, consistindo em um dar, fazer ou não fazer alguma coisa e
apresentando um conteúdo patrimonial economicamente apreciável. - prestação
positiva (dar e fazer)
-
prestação negativa (não fazer)
3. Espiritual
(imaterial)
O vínculo
jurídico. - sujeita o devedor a determinada prestação em favor do credor.
-
trata-se do elemento que garante em qualquer espécie de obrigação, o seu
cumprimento, porque, se este não se realizar espontaneamente, realizar-se-á
coercitivamente, com o emprego de força, que o Estado coloca á disposição do
credor, por intermédio do Poder Judiciário.
Obrigações de dar
-
consistem na obrigação do devedor de promover a tradição da coisa móvel ou
imóvel ao credor. - o devedor pode estar obrigado a entregar ou restituir coisa
certa ao credor, o que enseja a entrega ou restituição de um bem determinado e
perfeitamente individualizado. - pode ainda, ter se obrigado a entregar ou
restituir coisa incerta, descrita genericamente no começo da relação jurídica,
mas indicada, ao menos, pelo gênero e quantidade.
Obrigação de dar coisa certa
- na
obrigação de dar coisa certa, o devedor obriga-se a entregar ou restituir coisa
determinada e individualizada ao credor. - o credor não é obrigado a receber
prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa – art. 313, C. -
a obrigação de dar coisa certa abrange seus acessórios, embora não mencionados,
salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso
(princípio da gravitação jurídica). - risco de perecimento ou deterioração da
coisa – segue o princípio de que a coisa perece para o seu dono (princípio da
res perit domino). - perda da coisa – situações – obrigação de dar coisa certa
- (vide tabela):
Perda da coisa
Sem culpa do devedor
Se a
coisa se perder antes da tradição, ou pendente de condição suspensiva, fica
resolvida a obrigação para ambas as partes.
Com culpa do devedor
Responderá
pelo equivalente (coisa) + perdas e danos.
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES
Obrigações
de dar
Obrigação
de dar coisa certa
Deterioração
da coisa
Sem culpa do devedor
Poderá o
credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor
que perdeu.
Com culpa do devedor
2
situações:
a) exigir
o equivalente + direito de reclamar perdas e danos
b)
aceitar a coisa no estado em que se acha + direito de reclamar perdas e danos.
- a coisa
pertence ao devedor até a tradição, com os seus melhoramentos e acrescidos,
pelos quais poderá exigir aumento no preço. Se o credor não anuir com o aumento
pleiteado pelo devedor, este poderá resolver a obrigação. - frutos percebidos –
são do devedor.
- frutos
pendentes – são do credor.
-
obrigação de restituir coisa certa – situações – perda
Perda da coisa
Sem culpa do devedor
Sofrerá o
credor a perda e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o
dia da perda.
Com culpa do devedor
Responderá
o devedor pelo equivalente + perdas e danos.
Deterioração da coisa
Sem culpa do devedor
O credor
a receberá tal qual se encontra, sem direito à indenização.
Com culpa do devedor
Devedor
responderá pelo equivalente + perdas e danos.
Obrigação de dar coisa incerta
- art.
243, CC – a coisa incerta deve ser indicada, ao menos, pelo gênero e pela
quantidade – nesse caso, em regra, a escolha pertence ao devedor, sendo que não
poderá a coisa pior nem a prestar a melhor. O direito de escolha, contudo,
poderá pertencer ao credor se isso resultar do título da obrigação. - antes da
escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que
por força maior ou caso fortuito. - concentração – denominação dada para o
momento da escolha da coisa incerta, tanto pelo devedor como pelo credor.
Obrigações de fazer
- na
obrigação de fazer, o devedor se vincula a determinado comportamento,
consistente em praticar um ato ou realizar uma tarefa, donde decorre uma
vantagem para o credor. Pode estar constar de um trabalho físico ou
intelectual, como também da prática de um ato jurídico (Silvio Rodrigues). -
pode ser – vide tabela:
Fungível
A
prestação pode ser realizada pelo devedor ou por um terceiro – art. 249, CC
Infungível
Apenas o
devedor indicado no título da obrigação pode satisfazê-la – obrigação
personalíssima.
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES
Obrigações de fazer
- art.
461, CPC – as ações que tenham por objeto o cumprimento de uma obrigação de
fazer ou não fazer seguirão o disposto em tal artigo, hipótese em que o juiz
poderá conceder a tutela específica da obrigação ou determinar providências que
assegurem o resultado prático equivalente ao adimplemento, se procedente o
pedido. - astreintes – art. 645, CPC – multa pecuniária diária fixada pelo
juiz, ou estabelecida pelas partes, com o objetivo de compelir o devedor ao
cumprimento de uma obrigação de fazer ou não fazer. - o devedor que se recusar
ao cumprimento de obrigação infungível incorre na obrigação de indenizar por
perdas e danos. - impossibilidade de cumprimento da obrigação de fazer –
situações – vide tabela:
Sem culpa do devedor
Resolve-se
a obrigação. Com culpa do devedor Responde o devedor por perdas e danos.
Observação
– se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo
executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da
indenização cabível – art. 249, C.
Obrigações de não fazer
- o
devedor assume o compromisso de se abster de um fato, que poderia praticas, se
não fosse o vínculo que o prende (Silvio Rodrigues). - se o devedor praticar o
ato a cuja abstenção havia se obrigado, o credor pode exigir que o desfaça, sob
pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado as perdas e danos a que
deu causa. - extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do
devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não
praticar.
Obrigações cumulativas, alternativas e facultativas
Obrigação
cumulativa - o devedor só alcança a quitação cumprindo todas as prestações a
que se comprometeu.Chamada
também de obrigação conjuntiva.
Obrigação alternativa
- aqui,
existem duas ou mais prestações, mas o devedor se exonera cumprindo apenas uma
delas. - chamada também de obrigação disjuntiva.
- a
escolha cabe ao devedor, salvo estipulação em contrário. Contudo, não pode o
devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. -
quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá
ser exercida em cada período. - se uma das prestações não puder ser objeto de
obrigação ou se tornou inexeqüível, subsistirá o débito quanto a outra. -
situações
Se a
escolha não competir ao credor e por culpa do devedor não se puder cumprir
nenhuma das prestações, esse ficará obrigado a pagar o valor que por último se
impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES
Obrigações cumulativas, alternativas e facultativas
Obrigação alternativa
Quando a
escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do
devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da
outra, com perdas e danos.
Se, por
culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor
reclamar o valor de qualquer delas, além de perdas e danos
Se todas
as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a
obrigação.
Obrigação facultativa
- a
obrigação facultativa possui apenas um objeto, mas se concede ao devedor a
faculdade de substituir a prestação devida por outra de natureza diversa. -
trata-se de faculdade conferida apenas ao devedor com o objetivo de facilitar o
cumprimento de sua obrigação. - a obrigação facultativa apresenta um único
objeto, não podendo ser confundida com as obrigações alternativas, que
apresentam um objeto composto, formado por duas ou mais prestações.
Obrigações divisíveis e indivisíveis
- a
questão atinente a divisibilidade/indivisibilidade das obrigações só merece
relevo havendo, na relação jurídica obrigacional, uma pluralidade de credores
ou de devedores, ou ainda, uma pluralidade de credores e de devedores:
Obrigação
divisível - é divisível a obrigação quando for possível o cumprimento
fracionado da prestação.
- art.
257, CC
Obrigação indivisível
- é
indivisível a obrigação quando a prestação tem por objeto uma coisa ou fato não
suscetível de fracionamento. - art. 258, CC.
- aqui,
havendo dois ou mais devedores, cada um será obrigado pela dívida toda.
- o
devedor que pagou a dívida toda sub-rogará no direito do credor em relação aos
outros coobrigados. - se a pluralidade for de credores, poderá cada um destes
exigir a dívida inteira.
- o
devedor desobriga-se nas seguintes hipóteses: a) se pagar a todos
conjuntamente; b) se pagar a apenas um dos credores, mas este der caução de
ratificação dos outros credores. - se um dos credores receber a prestação por
inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a
parte que lhe caiba no total. - perde a qualidade de indivisível a obrigação
que se resolver em perdas e danos.
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES
Obrigações solidárias
- art.
264, CC. - há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um
credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.
- a solidariedade não se presume: resulta da lei ou da vontade das partes.
Solidariedade ativa
- vários
credores e cada um deles têm o direito de exigir o cumprimento da prestação por
inteiro do devedor (e enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o
devedor comum, a qualquer deles poderá este pagar). - o pagamento feito a um
dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago. - se
a prestação se converter em perdas e danos, subsistirá, para todos os efeitos,
a solidariedade. - o credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento
responderá aos outros pela parte que lhes caiba.
Solidariedade passiva
- vários
devedores e cada um deles obriga-se ao cumprimento da prestação por inteiro
junto ao credor. - o credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns
dos devedores solidários, o pagamento parcial ou total da dívida em comum. -
havendo pagamento parcial, todos os demais devedores continuam obrigados
solidariamente pelo resto. - o pagamento parcial feito por m dos devedores e a
remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até a
concorrência da quantia paga ou relevada. - se a prestação tornar-se impossível
por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de
pagar o equivalente, no entanto, só o responsável responderá pelas perdas e
danos. - todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação
tenha sido proposta somente contra um, mas o culpado responderá aos demais pela
obrigação acrescida. - o devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito
a exigir de cada um dos codevedores a sua quota. - se houver algum insolvente,
sua cota será igualmente dividida entre os demais.
Obrigação propter rem
São
obrigações próprias da coisa, ou seja, aquelas em que o devedor fica sujeito a
determinada prestação que não derivou de sua manifestação de vontade, expressa
ou tácita, mas provém do fato de ser titular de um direito sobre a coisa.
Cessão de crédito
- é
lícito ao credor ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da
obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor. - a cessão de um crédito
abrangem todos os seus acessórios.
- A
cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este
notificada.
- Fica
desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor
primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao
cessionário que lhe apresenta, com o título da cessão, o da obrigação cedida. -
quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da
notificação.
Assunção da dívida
- é
facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento
expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao
tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava. - qualquer das partes
pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida,
interpretando-se o seu silêncio como recusa. - se a substituição do devedor
vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas garantias, salvo as
garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que
inquinava a obrigação.
Conceito
- o pagamento consiste no cumprimento voluntário da obrigação. - é o meio
natural de extinção da obrigação.
Quem deve pagar
1)
devedor; 2) pagamento por terceiro interessado: qualquer interessado na
extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios
conducentes à exoneração do devedor; 3) pagamento por terceiro não interessado:
o terceiro não interessado pode pagar a dívida, se o fizer em nome e à conta do
devedor, salvo oposição deste. O terceiro não interessado que paga dívida em
seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar, mas não se sub-roga
nos direitos do credor.
A quem se deve pagar
- o
pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena
de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu
proveito. - o pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda
provado depois que não era credor.
- não
vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor
não provar que em benefício dele efetivamente reverteu.
Lugar do pagamento
- Regra: domicílio do devedor - trata-se das dívidas quesíveis,
em que cabe ao credor dirigir-se ao domicílio do devedor para que se proceda à
extinção da obrigação. - Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor
escolher entre eles.
- Pagamento
feito no domicílio do credor – se as partes assim convencionarem ou se resultar
de disposição legal ou da natureza do pagamento (dívidas portáteis). - Tradição
de imóvel – se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações
relativas a imóvel, será o lugar onde situado o bem.
Pagamento indireto
- Tratam-se
de formas especiais de extinção da obrigação em que, apesar de não haver o
cumprimento voluntário da prestação por parte do devedor, operar-se-á a sua
extinção
Consignação em pagamento - é o depósito judicial feito em
pagamento de uma dívida.
- deve
ocorrer na forma, local e no tempo do pagamento e nas seguintes hipóteses:
a) quando
o credor se recusar a receber o pagamento (dívidas portáteis);
PAGAMENTO
Pagamento indireto
Consignação em pagamento
b) quando
o credor não vier buscar o pagamento, uma vez que o devedor não é obrigado
arcar com a mora (dívida quesível); c) quando o credor se encontrar em local
incerto, inacessível ou de acesso muito perigoso; d) quando o credor for
incapaz de receber, for desconhecido ou declarado ausente; e) quando houver
dúvida a quem se deva pagar; f) quando pender litígio sobre o objeto do
pagamento.
Dação em pagamento
- o
devedor dá coisa diversa da pactuada originalmente ao credor, que aceita. -
para que seja formalizada, deve ser emitido o recibo que o débito está quitado
e é totalmente irrevogável. - evicção – nessa hipótese, se o credor for evicto
da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva,
ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.
Imputação do pagamento
- a
pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, tem
o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e
vencidos. - não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e
vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá
direito a reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver
ele cometido violência ou dolo. - havendo capital e juros, o pagamento
imputar-se-á primeiro nos juros vencidos e depois no capital, salvo estipulação
em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do capital.
Novação
- ocorre
a novação pela extinção de uma obrigação em decorrência de uma nova. - gera uma
nova obrigação diferente da primeira.
- dá-se a
novação: a) quando o devedor contrai com o credor nova dívida, para extinguir e
substituir a primeira; b) quando o novo devedor sucede ao antigo, ficando este
quite com o credor; c) quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é
substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este. - requisito – “animus
novandi” – ânimo de inovar – não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito mas
inequívoco, a segunda obrigação confirma simplesmente a primeira. - vide tabela
– classificação:
Objetiva Extingue a obrigação atual e cria uma
nova obrigação com um novo objeto.
Subjetiva
Extingue a obrigação atual e cria uma nova com um novo sujeito.
Mista
Extingue a obrigação atual e cria uma nova com um novo objeto e um novo
sujeito.
Novação subjetiva
Ativa
- ocorre
a substituição do credor, criando uma nova obrigação com o rompimento do
vínculo primitivo. - requisitos: a) o consentimento do devedor perante o novo
credor; b) o consentimento do antigo credor que aceita a promessa do
PAGAMENTO
Pagamento
indireto
Novação
Ativa devedor. - art. 306, I, CC
Passiva
- ocorre
a substituição do devedor que sucede ao antigo, ficando este último quite com o
credor. - se o novo devedor for insolvente, não terá o credor que o aceitou
ação regressiva contra o primeiro, salvo se este obteve de má-fé a
substituição. - art. 306, I, CC.
Por expromissão
- ocorre
quando um terceiro assume a dívida do devedor originário, substituindo-a sem o
consentimento deste, mas desde que o credor concorde com a mudança no pólo
passivo. - art. 362, CC
Por delegação
- ocorre
quando a substituição do devedor é feita com o consentimento do devedor
originário, pois é ele quem indicará uma terceira pessoa para assumir seu
débito, havendo concordância do credor.
- a
novação extingue os acessórios e garantias da dívida, sempre que não houver
estipulação em contrário. - importa exoneração do fiador se feita sem seu
consenso com o devedor principal.
Compensação
- quando
duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, com as duas
obrigações extinguindo-se, até onde se compensarem. - efetua-se entre dívidas
líquidas, vencidas e de coisas fungíveis.
- coisas
fungíveis: ainda que sejam do mesmo gênero, não se compensarão se diferirem na
qualidade, quando especificado no contrato. - o devedor somente pode compensar com
o credor o que este lhe dever.
- o
fiador ode compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado.
- não se
admite compensação em prejuízo de direito de terceiro.
- o
devedor que se torne credor do seu credor, depois de penhorado o crédito deste,
não pode opor ao exeqüente a compensação, de que contra o próprio credor
disporia.
Confusão
- ocorre
confusão quando as qualidades de credor e devedor se confundem em uma mesma
pessoa. - pode se verificar a respeito de toda dívida ou só de parte dela.
- a confusão
operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a obrigação até a
concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto
ao mais a solidariedade.
Remissão das dívidas
-
consiste no perdão dado ao devedor pelo credor, extinguindo a obrigação, mas
sem prejuízo de terceiro. - a devolução voluntária do título da obrigação,
quando por escrito particular, prova
Pagamento indireto
Remissão
das dívidas (continuação) desoneração do devedor e seus co-obrigados, se o
credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir. - a restituição
voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia real, não
a extinção da dívida. - a remissão concedida a um dos co-devedores extingue a
dívida na parte a ele correspondente, de modo que, ainda reservando o credor a
solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da
parte remida.
Disposições gerais
- ocorre
o inadimplemento quando o devedor não cumpre a obrigação no tempo, lugar ou
forma determinados. - quando o inadimplemento decorrer de fato imputável ao
devedor verifica-se a hipótese de inexecução voluntária da obrigação. - pode
ser absoluto ou relativo – vide tabela:
Inadimplemento absoluto
- quando
a obrigação não foi e nem poderá ser cumprida, pois o credor não terá mais
possibilidade de receber aquilo que o devedor se obrigou. - art. 389, C – não
cumprida a obrigação, responderá o devedor por perdas e danos, mais juros e
atualização monetária, segundo índices oficiais regularmente estabelecidos,
acrescidos de honorários de advogado. - art. 391, C – todos os bens do devedor
responderão pelo descumprimento da obrigação. - contratos onerosos – cada uma
das partes responde por culpa, ou seja, o dever de indenizar só surgirá quando
o inadimplemento for causado por ato imputável ao devedor, salvo as exceções
previstas em lei (art. 392, C). - contratos benéficos – são aqueles em que
apenas uma das partes se beneficia, responderá por dolo aquele a quem o contrato
não favoreça e por simples culpa aquele se aproveite do contrato. - caso
fortuito ou força maior – salvo expressa previsão em contrário, o devedor não
responderá pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior (art.
393,CC).
Inadimplemento relativo
- decorre
da obrigação que, apesar de não cumprida no tempo, lugar e forma devidos, ainda
poderá ser objeto de adimplemento, surgindo assim, a mora. - a mora difere do
inadimplemento absoluto por ainda existir a possibilidade de o devedor cumprir
a obrigação e por se permitir a sua purgação.
Mora
- art.
394, C. - considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor
que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção
estabelecer. - mora é o atraso ou falta do adimplemento no tempo, lugar e forma
previstos, por ato ou omissão imputável ao devedor ou ao credor (Paulo Luiz
Netto Lôbo). - mora do devedor – mora solvendi ou debitoris
- mora do
credor – mora accipiendi
INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES
Mora
- dá-se a
mora do devedor quando este não cumprir a prestação a que estava obrigado, no
tempo, lugar e forma convencionados, em virtude de ato que lhe seja imputável.
- para configuração da mora, é necessária a inexcução culposa do devedor, eis
que, não havendo fato ou omissão que possa a ele ser imputado, não incorrerá em
mora (art. 396, C). - mesmo encontrando-se em mora, o devedor ainda continua
obrigado ao cumprimento de sua prestação, o que a diferencia do inadimplemento
absoluto. - se a prestação ainda for útil ao credor, este poderá exigir o seu
cumprimento por parte do devedor, que responderá pelos prejuízos a que sua mora
der causa, mais juros, atualizações dos valores monetários segundo índices
oficiais regularmente estabelecidos, e honorários advocatícios (art. 395, C). -
se, devido à mora, a prestação tornar-se inútil ao credor, este poderá
enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos. - vide tabela:
Mora ex re
- decorre
da lei. - resulta do próprio fato do descumprimento da obrigação,
independentemente de provocação do credor. - impera a regra: die interpellat
pro homine – o termo interpela o devedor.
-
verifica-se nas seguintes hipóteses: a) nas obrigações positivas e líquidas não
cumpridas no seu termo – art. 397, C; b) nas obrigações negativas, em que o
devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se
devia abster – art. 390, C. c) nas obrigações provenientes de ato ilícito,
quando se considera o devedor em mora desde o momento em que o praticou – art.
398, C.
Mora ex persona
- é
aquela que se configura toda vez que não houver estipulação em termo certo para
o cumprimento da obrigação. - aqui, a mora se constitui mediante interpelação
judicial ou extrajudicial – art. 398, parágrafo único, CC. - a mora constitui-se
ainda pela citação do credor na ação ajuizada pelo devedor para discutir a
relação jurídica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário